Mais competitiva com a desvalorização do real e impulsionada pela forte demanda de China e Arábia Saudita, bem como pelo espaço aberto pelo surto de Influenza Aviária que atingiu os EUA, a indústria de carne de frango do Brasil bateu novos recordes em 2015.
De acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras de carne de frango deverão fechar o ano com um crescimento de 4%, somando 4,2 milhões de toneladas – um novo recorde. Com uma fatia de 37% do comércio global, o Brasil é o lider das exportações de carne de frango no mundo, à frente de EUA e União Europeia.
A receita cambial obtida com as exportações de carne de frango, no entanto, caiu 11%, para US$ 7,1 bilhões, de acordo com a estimativa da ABPA. Mas a desvalorização do real perante o dólar mais do que compensou a queda, puxando a receita em real – e também as margens – dos frigoríficos do país. Pelos cálculos da ABPA, a receita em real totalizou R$ 23,7 bilhões, incremento de 25% sobre 2014.
Dentre as principais razões para o crescimento das exportações brasileiras em 2015 está o fato de que seu maior concorrente, os EUA, sofreram diversos embargos devido ao surto de Influenza Aviária. Conforme o vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin, os EUA reduziram as exportações em cerca de 500 mil toneladas no ano em razão das barreiras. Desse total, os exportadores brasileiros capturaram mais de 100 mil toneladas.
Na avaliação do vice-presidente da ABPA, o bom momento para as exportações brasileiras de carne de frango deverá perdurar em 2016, sustentado por México e China. “Esses países podem importar 50 mil toneladas a mais, cada um”, projetou. Como um todo, a ABPA estimou que as exportações crescerão de 3% a 5% no próximo ano.
Mas as exportações não foram o único ponto positivo de 2015. A produção brasileira de carne de frango também bateu recorde, atingindo 13,1 milhão de toneladas, aumento de 3,5% ante 2014. Na avaliação do presidente da ABPA, Francisco Turra, o crescimento poderia ter chegado a 8% se não fosse a crise econômica brasileira.
Em contrapartida, a crise não foi capaz de impedir que o consumo per capita de carne suína atingisse o maior nível da história em 2015 – 15 quilos ao ano, conforme a ABPA. Essa marca foi alcançada graças à menor oferta de carne bovina, a proteína preferida no Brasil.
Ao todo, a produção brasileira de carne suína também cresceu 4,9% em 2015, para 3,4 milhões de toneladas. No mesmo período, as exportações cresceram 8,9%, somando 550 mil toneladas. O forte aumento das exportações foi puxado pela Rússia, disse o vice-presidente de suínos da ABPA, Rui Vargas. Assim como no caso da carne de frango, o câmbio compensou a queda de 20% da receita em dólar. Conforme a ABPA, a receita em real totalizou R$ 4,3 bilhões, incremento de 14%.
Fonte: Valor Econômico