Embalado pela vitória de Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais e pelas promessas do então candidato para a economia brasileira, o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) calculado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) bateu todos os recordes positivos no quarto trimestre do ano passado.
Segundo levantamento divulgado recentemente, o indicador encerrou o período em 115,8 pontos – 15,4 pontos a mais que no trimestre anterior, e a alta observada foi puxada por todos os elos das cadeias produtivas que compõem o setor. A escala vai de zero a 200, e 100 é o ponto neutro. O resultado é dimensionado a partir de 1.500 entrevistas (645 válidas) com agricultores e pecuaristas de todo o país. Cerca de 50 indústrias também são ouvidas.
“Foi possível constatar, de fato, um sentimento de euforia. As entrevistas foram realizadas no fim de novembro e no início de dezembro, pouco depois das eleições presidenciais, e a vitória de Jair Bolsonaro alimentou a expectativa de um novo ciclo de crescimento econômico e de um ambiente de negócios mais favorável a partir de uma agenda de reformas estruturais”, indicou Paulo Skaf, presidente da Fiesp, em comunicado.
De acordo com o levantamento, o indicador que mede especificamente a confiança dos produtores rurais passou de 101,7 pontos, no terceiro trimestre de 2018, para 113,8 pontos no quarto. Entre os agricultores, os produtores de grãos também tiveram bons resultados em seus negócios no ano passado: o indicador subiu de 106 pontos para 115,2, e entre os pecuaristas, cujas perspectivas de mercado para 2019 são mais positivas, foi de 88,9 para 109,6 pontos.
“No entanto, vale destacar que, dentre os aspectos levantados, os custos de produção destoaram do panorama de otimismo. A confiança nesse item está no nível mais baixo já registrado”, informaram Fiesp e OCB. Boas perspectivas em relação às produtividades em geral pesaram positivamente, mas neste ponto os sinais são de que poderá haver recuo neste primeiro trimestre, tendo em vista os problemas climáticos que passaram a afetar lavouras de diversas culturas (grãos inclusive), em distintas regiões do país.
O indicador que mede a confiança das agroindústrias também disparou no quarto trimestre do ano passado. Subiu 18 pontos e atingiu 117,3, içado tanto pelas empresas que atuam “antes da porteira” (alta de 95,4 para 122,9 pontos) quanto por aquelas que fazem seus negócios “depois da porteira” (alta de 101 para 114,8 pontos). Assim como os resultados dos produtores, todos os das indústrias também são recorde.
No comunicado que divulgaram, Fiesp e OCB lembram que as entregas de fertilizantes das misturadoras às revendas cresceram 3,9% em 2018, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), e que os fabricantes de defensivos tiveram um mercado mais “enxuto” depois de pelo menos uma safra de estoques elevados acumulados nas mãos dos distribuidores.
Valor Econômico