O I Seminário Internacional de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas promovido pelo Sebrae, em Belo Horizonte (MG), reuniu nos dias 29 e 30 de outubro experiências importantes de especialistas sobre o tema para produtores e donos de pequenos negócios. Hoje, o Brasil tem 41 Indicações Geográficas, sendo oito Denominações de Origem e 33 Indicações de Procedência.
“O potencial que o Brasil tem para ampliar o número de indicações geográficas é muito grande e o Sebrae tem que dar visibilidade a essa estratégia de agregação de valor”, afirma o gerente de Acesso a Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional, Ênio Pinto.
O café com denominação de origem foi o tema das palestras da manhã desta quinta-feira (30). Representando a Federação dos Cafeteiros Colombianos, Karen Villega mostrou a importância do produto que é o principal item de exportação na Colômbia, onde 563 mil produtores cultivam 921 mil hectares. O café colombiano conquistou o mercado internacional com a criação da marca de origem. “A maioria são pequenos produtores com propriedades de cinco hectares em média”, informou Villega.
“O potencial que o Brasil tem para ampliar o número de indicações geográficas é muito grande e o Sebrae tem que dar visibilidade a essa estratégia de agregação de valor” Ênio Pinto – gerente de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebra
No Brasil, a única região produtora de café com Denominação de Origem é a do Cerrado Mineiro, que reúne 4.500 produtores distribuídos em 55 municípios. A busca pelo registro começou quando um grupo de japoneses manifestou a disposição de comprar o café da região, mas exigia garantias de qualidade e procedência.
Hoje, o Cerrado Mineiro exporta para o mundo inteiro e é o maior fornecedor de empresas como Nespresso e Starbucks. “Não vendemos café, vendemos o Cerrado Mineiro”, afirma Juliano Tarabal, superintendente de Federação dos Cafeicultores do Cerrado, que abriu a rodada de palestras.
Minas Gerais, que sediou o seminário, é o segundo estado em número de registro de Indicações Geográficas – ao todo são sete – perdendo apenas para o Rio Grande do Sul, que tem oito, a maioria de regiões produtoras de vinho. A produção da Serra da Mantiqueira também tem selo de origem e o Sebrae apoia o registro do café da região das Matas de Minas junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
“Nosso papel é orientar grupos de produtores, identificando seus propósitos para determinar o diferencial que, na verdade, é a própria origem dos produtos”, explica Priscilla.
Para o presidente da Cooperativa de Pescadores Artesanais do Médio e Alto Rio Grande Negro, João de Souza Freitas, o seminário mostrou a dimensão do que significa registrar a origem do produto. A região conquistou o registro da Indicação de Procedência há menos de dois meses.
“Eu não fazia ideia da força que tem a indicação de procedência para abrir mercados. Não queremos só vender, queremos garantir preços bons também”, defende Freitas.
O Sebrae trouxe para o seminário outros especialistas internacionais, como o espanhol Enrique Garcia, representante do Azeite Montes de Toledo.Ele falou sobre o desenvolvimento da região produtora que passou a produzir agregando mais valor com a denominação de origem.
“Procuramos associar a marca Montes de Toledo a conceitos como seriedade, qualidade e de produto agradável”, explicou Garcia.
O indiano Chandler Lall, da Lall & Sethi Advocates, de Nova Deli, mostrou a experiência da Índia que tem mais de 223 registros de origem para chás, temperos e principalmente artesanato.
“Sabemos que 40% dos consumidores da União Europeia estão dispostos a pagar um preço maior por um produto especial”, destacou o indiano. Segundo ele o vinho francês com apelação de origem controlada chega a alcançar preço 230% superior aos produtos que não tem.
A trajetória dos produtores do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, também foi mostrada durante o seminário. A região foi a primeira a registrar a Denominação de Origem (DO) para a bebida e hoje exporta para 35 países. O Vale reúne 26 vinícolas e agrega 44 empreendimentos que exploram o enoturismo.
Para o produtor Flavio Pizzato, um dos palestrantes do evento, o mais importante de conquistar a DO é que o esforço comercial para vender o produto é reduzido.
“Nós estimamos que 70% da produção das pequenas vinícolas seja vendida na própria região. O consumidor vai até onde nós estamos e isso ajuda a promover o desenvolvimento da região também”, esclarece Pizzato.
Outro destaque do Seminário Internacional de Indicações Geográficas também veio do sul. Os doces de Pelotas que tem Indicação de Procedência foram oferecidos no fim do primeiro ciclo de palestras aos participantes que se juntaram ao redor da mesa para a degustação. Foi a melhor forma de mostrar porque o produto que tem origem pode conquistar rapidamente o consumidor.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias