Índia e África serão os próximos grandes destinos da soja brasileira, diz Marcos Jank

Décadas atrás, o Brasil precisava importar grande parte dos alimentos que consumia. Hoje, o país é o responsável pela nutrição de mais de 1 bilhão de pessoas nos cinco continentes.

Para destacar os fatores que levaram a essa grande virada e os desafios à frente, o Fórum Aliança da Soja – Inovação e o Futuro da Agricultura Tropical, realizado nesta terça-feira (7/6), em Petrolina, Pernambuco, reuniu entes da cadeia no Centro de Desenvolvimento de Produtos da Bayer.

O primeiro palestrante, o coordenador do Centro Insper Agro Global, Marcos Jank, ressaltou que o Brasil conseguiu transformar recursos naturais abundantes em produção competitiva e sustentável a partir de tecnologia que permitiu a tropicalização da agricultura.

Para os próximos anos, o especialista enxerga a exploração de novas fronteiras agrícolas. “Diria que esta década será marcada pela expansão da integração lavoura-pecuária […]. Temos cerca de 80 milhões de hectares agrícolas no País e 160 milhões de hectares de pasto. É exatamente nesta área que a soja, o milho, algodão e outros vão crescer”, disse Jank.

Demandas

Para ele, a demanda da China, sudeste asiático e Oriente Médio por produtos brasileiros seguirão firmes, ainda que o país precise acessar mercados no que diz respeito à venda de carnes.

“Amanhã teremos demanda de Índia e África que, atualmente, representam no máximo 4% do que o Brasil exporta em agro. Há um enorme potencial pela frente à medida que esses dois destinos forem aumentando renda per capita e se urbanizando”.

Aumento da produção

Jank também destacou que o cenário geopolítico atual, com a guerra travada entre Rússia e Ucrânia, fez os preços dos alimentos e fertilizantes aumentarem exponencialmente e que a solução para minimizar este problema é o aumento da produção, não de taxas de exportação ou incremento de subsídios.

“Não há nenhum outro país com capacidade de aumentar mais a sua produção do que o Brasil, exatamente pela integração lavoura-pecuária e pela tecnologia”, disse o coordenador do Insper.

Representatividade da soja

Da década de 1960 aos dias atuais, a produção agrícola brasileira passou da costa do território para o Centro-Oeste e Nordeste, chegando ao Matopiba, esta última região sendo a grande revolução no setor.

“O principal produto desta revolução é a soja. A produtividade tem um grande destaque nisso porque o crescimento não foi horizontal, mas vertical. O Brasil lidera o mundo em ganhos de produtividade total, seja da terra, do capital e humana. Isso fez com que partíssemos de 21 bilhões de dólares em exportação em 2000 para 120,8 bilhões em 2021, com aumento de 475%”, destacou Jank.

“De tudo o que a gente exporta, 40% é soja. De 2000 a 2021, as exportações de soja para a China cresceram 23% ao ano. Sobre o milho, ainda que hoje a China seja praticamente autossuficiente, ela vai precisar do grão, e essa é uma grande oportunidade para o Brasil porque fazemos soja e milho na mesma área”.

O coordenador do Insper disse ainda que milho, trigo e arroz representam 40% da ingestão de calorias da humanidade. “Destes três cereais, dois deles estão sendo afetados pela guerra, que são o milho e o trigo. Oitenta por cento da população mundial vive em países importadores líquidos de alimentos”.

Além de debates e discussões em alto nível, o Fórum contou com a presença ilustre do ex-ministro da Agricultura e indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Alysson Paulinelli.

Assista ao evento na íntegra: https://youtu.be/SxJXf2sFRTU

 

 

Fonte: Canal Rural

Equipe SNA

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