A China importou pouco mais de 20 milhões de toneladas de soja do Brasil, das 27.6 milhões de toneladas exportadas pelo país entre janeiro a abril. Com isso, houve um recuo na fatia comprada do produto brasileiro pelos maiores importadores globais, para 72,8%. Os dados foram publicados nesta quarta-feira pela agência marítima Cargonave.
No primeiro quadrimestre do ano passado, as exportações do Brasil atingiram a 29.74 milhões de toneladas, com os chineses comprando 23.08 milhões de toneladas, ou 77,60% do total embarcado, segundo informação da agência.
O recuo nas compras chinesas de soja ocorreu em um período turbulento, marcado por uma trégua na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o que permitiu algumas compras do produto norte-americano pelos chineses, apesar das tarifas impostas.
Além disso, a demanda na China está relativamente mais branda, com o consumo de farelo de soja sendo impactado pela disseminação da peste suína africana nas criações, que são abatidas à medida que a doença avança.
No front comercial, a China concordou em retomar algumas compras da commodity dos EUA depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, e o presidente chinês Xi Jinping concordaram, em 1º de dezembro de 2018, com uma trégua de 90 dias na disputa comercial entre os países.
Os chineses normalmente compram soja dos Estados Unidos no último trimestre e nos primeiros dois meses do ano, quando a oferta dos EUA está mais competitiva, em geral. Mas a guerra comercial alterou os fluxos, com os grãos brasileiros sendo beneficiados fortemente ao longo de 2018 e menos após a trégua entre EUA e China.
No início do ano, autoridades chineses chegaram a anunciar a intenção de compras de dez milhões de toneladas do produto dos EUA, o que acabou não se confirmando.
Apesar da trégua estabelecida em alguns momentos durante a guerra comercial, a tarifa retaliatória chinesa de 25% sobre a soja dos EUA foi mantida, o que não impediu algumas compras de “boa-vontade” realizadas pela China.
Enquanto as negociações para resolver o impasse comercial entre EUA e China estagnaram na semana passada, Trump aumentou a pressão na sexta-feira ao elevar as tarifas sobre uma lista anterior de US$ 200 bilhões em importações chinesas para 25% de 10%, provocando nova reviravolta nos mercados.
A China retaliou na segunda-feira com tarifas mais altas sobre uma lista revisada de US$ 60 bilhões em produtos dos EUA, trazendo preocupações de que a guerra comercial não deve se resolver no curto prazo.
Maiores exportadores
Entre as principais companhias exportadoras no primeiro quadrimestre, a Cargill aparece na liderança nos embarques de soja para a China, com 3.2 milhões de toneladas, de um total embarcado de 4.3 milhões de toneladas para todos os países, segundo dados da Cargonave.
Em segundo lugar está a Louis Dreyfus, com 2.86 milhões de toneladas embarcadas para os chineses, de um total de 3.4 milhões de toneladas embarcadas para todos os destinos. Na terceira posição vem a Bunge, com 2.46 milhões de toneladas, de um total no período de 3.9 milhões de toneladas.
A chinesa Cofco aparece em sétimo lugar entre aquelas empresas que mais embarcaram para a China no quadrimestre, com pouco mais de um milhão de toneladas, de uma exportação total de 1.67 milhão de toneladas.
Reuters