A Scot Consultoria divulgou um levantamento informando que, na primeira quinzena de abril, o DDG (grãos secos de destilaria) foi comercializado entre R$ 765,63 e R$ 910,00 por tonelada, sem o frete, considerando os preços convertidos para a média de 35% de Proteína Bruta (PB), sendo que as concentrações encontradas variaram entre 32% e 40% de PB.
Para o WDG (grãos úmidos de destilaria), os negócios ocorreram entre R$ 150,00 e R$ 280,00 por tonelada, considerando os valores convertidos para 33% de PB.
Na média, o DDG e o WDG ficaram cotados, respectivamente, em R$ 808,99 e R$ 200,00 por tonelada, sem considerar o frete (tabela 1). A valorização foi de 5,30% e 13,40%, respectivamente, em relação à segunda quinzena de março.
Tabela 1
Preços médios do DDG e WDG em Mato Grosso/Goiás e um comparativo com outros alimentos concentrados proteicos. Referência: primeira quinzena de abril de 2020. Fonte: Scot Consultoria.
Expectativas
Assim como nos Estados Unidos, o mercado de etanol no Brasil sentiu os efeitos da crise causada pelas medidas (acertadas) de contenção do Coronavírus.
Com a queda do consumo de combustíveis em função da restrição da circulação de pessoas, as usinas de etanol de milho devem tirar o ‘’pé do acelerador’’. Em decorrência desse ajuste na produção, a oferta de DDG e WDG deverá sofrer um ajuste, focando nos volumes estabelecidos em contratos de venda para entrega ao longo de 2020.
As alta do milho e do farelo de soja deram sustentação aos preços do DDG e WDG até então, porém, as recentes quedas nas cotações dessas commodities, no caso o milho (demanda menor) e do farelo de soja (basicamente acompanhando os recentes recuos do dólar), a expectativa é de que o viés de alta no mercado de DDG e WDG sofra uma reversão.
A menor demanda de milho para a produção do etanol esse ano, com parte desse cereal sendo destinado para o setor de nutrição, é um dos fatores de pressão de baixa sobre os preços do cereal em curto e médio prazos, especialmente em Mato Grosso.
Atributos nutricionais
O DDG e o WDG têm ganhado espaço na nutrição animal em função da melhor relação custo/benefício da proteína, e por participar na composição de dietas para bovinos, suínos e aves.
Esses coprodutos, apesar de serem utilizados como fontes de proteínas, se destacam também como fonte de energia, e quando incluídos na dieta, possuem mais energia que o próprio milho misturado com caroço de algodão e farelo de soja.
O nível de inclusão dos coprodutos dependerá dos preços de mercado, e do tipo de dieta estabelecida – se entrará como proteico, substituindo o farelo de soja ou farelo de algodão, ou se entrará na dieta como proteico energético, substituindo o próprio milho grão.
A tabela 2 mostra um comparativo do custo da energia, em R$ por quilo de NDT, dos principais concentrados energéticos consumidos nas dietas de bovinos em relação ao DDG e WDG.
Tabela 2
Preços médios de DDG e WDG e um comparativo com outros alimentos concentrados energéticos. Referência: primeira quinzena de abril de 2020. Fonte: Scot Consultoria
Considerações finais
O milho tem sido uma das commodities mais afetadas pela crise gerada em função do Coronavírus no Brasil e no mundo.
Nos Estados Unidos, cerca de 25% das usinas de etanol de milho estão com algum tipo de paralisação, e até maio a expectativa é de que possa chegar a 35% das indústrias impactadas, devido à menor demanda do biocombustível, que absorve 40% da produção de milho norte-americana.
O recuo do consumo nos Estados Unidos e a consequente queda de preço por lá preocupam os agentes de mercado no Brasil, pois poderá aumentar a competitividade do milho norte-americano para exportação.
Outro ponto que demanda cuidado está relacionado à queda dos preços do barril de petróleo e o conflito entre a Rússia e Arábia Saudita, fatores que contribuíram para a queda da competitividade do etanol frente à gasolina.
O monitoramento do mercado que já era contínuo, precisa ser acompanhado cada vez mais de perto. (Nota: este mercado é monitorado rotineiramente pela Scot Consultoria).
Scot Consultoria