O custeio da safra de soja em 2020/21 em Mato Grosso deverá chegar a R$ 24.81 bilhões, montante 10,21% maior que o do ciclo passado, quando foi de R$ 22.51 bilhões, informou o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Esse é o maior nível do custeio no estado desde o começo do levantamento.
O aumento das despesas do sojicultor reflete a valorização do dólar (uma vez que parte dos custos são em dólar), e também a ampliação da área de cultivo em Mato Grosso em 2020/21. Na esteira das cotações recordes da oleaginosa, tanto no mercado doméstico quanto na bolsa de Chicago, o plantio ocorrerá em 10.3 milhões de hectares, área 5,39% maior que a do ciclo passado.
As multinacionais, a principal fonte de recursos para o financiamento da safra, ampliaram sua participação, que passou de 28% em 2019/20 para 35% do total em 2020/21. Essa fatia equivale a R$ 8.61 bilhões, ou R$ 2.3 bilhões a mais entre uma temporada e outra.
“Do meio para o fim de 2019, o produtor viu uma relação de troca muito boa para comprar os insumos que utilizou nesta safra, e as múltis estavam prontas para atender a essa demanda”, destacou o responsável pela área de soja do Imea, Marcel Durigon.
Outras fontes de financiamento
Os bancos com recursos federais também ampliaram sua participação, que passou de 9% para 11% (ou R$ 2.74 bilhões) na mesma base de comparação.
A participação do sistema financeiro, cooperativas de crédito e bancos sem recursos subsidiados pelo governo, ficou 1% entre um ciclo e outro e passou a ser de 24% do financiamento deste ciclo. A fatia corresponde a R$ 5.94 bilhões.
A participação do desembolso dos produtores recuou de 19% no ciclo passado para 17% em 2020/21. Ainda assim, representou a terceira principal fonte de recursos, ou R$ 4.19 bilhões.
“Com juros mais baixos, ficou mais em conta pegar os recursos com terceiros para custear a safra do que tirar do próprio bolso”, disse Durigon. As revendas responderam por 13% do custeio da temporada 2020/21, o equivalente a R$ 3.31 bilhões. Na safra passada, elas financiaram R$ 4.23 bilhões (19%).
Números
Apesar do replantio em 2,51% da área semeada no Mato Grosso, o Imea manteve a expectativa de colheita de 35.49 milhões de toneladas, com aumento de 0,24% em relação à safra anterior. A produtividade, porém, será 2,84%, de 57,41 sacas por hectare.
O indicador Imea-MT encerrou o ano em alta de 65,75% em relação ao ano passado, a R$ 111,06 a saca na média anual. Já o prêmio para a soja no porto de Santos (SP) aumentou 50,51%, para US$ 1,28 por bushel.
Para o milho, o Imea também manteve a estimativa de produção recorde de 36.29 milhões de toneladas, com alta de 2,38%, em uma área de 5.69 milhões de toneladas, 5,03% superior. Deste total, o instituto estima que 14,11% serão semeadas fora da janela ideal, com queda de 2,52% na produtividade, para 106,28 sacas por hectare.
Fonte: Valor
Equipe SNA