Agronegócio sustentável é aquele que busca a gestão, a produção com tecnologia e inovação e a regularização frente ao Código Florestal, considerando diferentes ecossistemas e comunidades. A afirmação é do professor Kleber Santos, presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil.
O especialista participou, nesta segunda-feira, da aula inaugural dos cursos de pós-graduação online em Gestão do Agronegócio e de Direito Agrário e Ambiental, oferecidos pelo Ibmec Agro e Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Realizada por videoconferência, a Master Class debateu a conexão entre o agro e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprovados em 2015 pelas Nações Unidas. O encontro foi coordenado pelo professor Felipe Brasil, do Ibmec Agro.
“O produtor que deseja ser competitivo e alcançar mercados deve buscar a regularização de todo o seu negócio. Nesse sentido, é importante defender o agronegócio sustentável como uma bandeira importante de nossa economia”, afirmou o mediador da Master Class.
Tripé
Na abertura do evento, Santos informou que “os ODS da ONU se mantém sob o tripé socioeconômico e ambiental, que são importantes para o agro e para a valorização de seus profissionais”. No total, são 17 ODS e 169 metas a serem atingidas.
“O agro é um tema central para todos os ODS”, ressaltou o palestrante, mencionando, entre os diversos objetivos, a erradicação da pobreza com a implementação de políticas diferenciadas para as comunidades tradicionais, “fundamental para a geração de renda e o abastecimento das cidades”, e a garantia de segurança alimentar para o alcance da paz mundial, levando em conta aspectos como produção, qualidade do alimento, distribuição e valorização dos produtos da agrobiodiversidade.
Engenheiros agrônomos
Santos afirmou que o agronegócio brasileiro está em fase crescente de reconhecimento mundial e que, atualmente, cerca de 30% dos empregos no País são gerados pelo setor. Além disso, ele destacou a importância do trabalho dos engenheiros agrônomos.
“O engenheiro agrônomo lida constantemente com inovação e uma de suas premissas básicas é trabalhar com sistemas sustentáveis”, disse o especialista.
“Nas últimas quatro décadas, o Brasil obteve um aumento de 385% na produção e de apenas 32% na área. Um agro dinâmico envolve o incremento de produtividade, rentabilidade, gestão e tecnologia”, acrescentou Santos, lembrando que o País conta hoje com 114.000 engenheiros agrônomos registrados e que é cada vez maior a presença de mulheres na área.
Tecnologia e visão social
Santos destacou ainda que a agricultura tem avançado tecnologicamente com vários sistemas produtivos e sustentáveis, e citou como exemplos as atividades de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantio direto, agroecologia e produção orgânica.
Já a questão social tem grande demanda, complementou o professor. “Há uma necessidade de garantia de acesso à educação, saúde e bem-estar, e a visão sustentável do agro procura associar esses fatores”. No entanto, ponderou Santos, “precisamos trabalhar melhor essa questão, pois ainda há muita desigualdade.”
Comunicação
Durante o encontro, o especialista falou também sobre alguns desafios do agro para que o setor se torne mais competitivo e alcance novos mercados. Nesse contexto, a comunicação, segundo Santos, é um dos desafios.
“Estereótipos e narrativas que são criadas podem se tornar muito fortes e não condizer com a nossa realidade. Os mercados mundiais valorizam muito questão da sustentabilidade. Precisamos divulgar da melhor forma essas experiências.”
No entanto, para o professor, alguns avanços já começam a ser notados, como a presença de adidos agrícolas nas embaixadas.
“Isso foi uma conquista. Os adidos defendem o mercado para produtos brasileiros”, afirmou Santos, que também reconheceu a importância das organizações profissionais e da formação acadêmica para a mudança do atual cenário.
Por outro lado, o especialista afirmou que é preciso ampliar a divulgação e o alcance das informações sobre o setor no País. Além disso, defendeu um melhor diálogo com as comunidades, o incentivo às pesquisas e investimentos em assistência técnica e extensão rural, áreas onde menos de 20% dos agricultores têm acesso, segundo dados do Censo 2017.
Outras metas
Santos também listou como desafios a adoção de políticas diferenciadas para a agricultura familiar e a consolidação do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), lei aprovada este ano no Brasil e que está em fase de regulamentação.
Por fim, o especialista chamou a atenção para a importância de preservação da floresta amazônica e da valorização dos povos e comunidades que fazem uso de sistemas adequados de produção. “A produção do cacau e do açaí em sistemas agroflorestais são grandes negócios, assim como a valorização dos produtos da agricultura familiar”, disse Santos.
Para ele, uma grande parcela do desmatamento da Amazônia “é fruto de grilagem e do roubo de terra pública”. “O País precisa de uma política agrária efetiva com regulamentações”, enfatizou o especialista, lembrando ainda que boa parte das áreas que estavam em processo de degradação “voltaram a ser ocupadas por um agro dinâmico, com o auxílio da tecnologia.”
Cursos
As inscrições para os cursos de Gestão do Agronegócio e Direito Agrário e Ambiental prosseguem até o dia 28 de agosto.
Mais informações:
Fonte: Ibmec Agro
Equipe SNA