O mercado de soja vive um período de perspectiva de oferta muito grande em meio a um contexto de guerra comercial entre EUA e China. Isso vem penalizando as exportações norte-americanas da oleaginosa e pressionando as cotações da soja em Chicago.
Ao mesmo tempo, estimativas apontam para o crescimento da área plantada com a oleaginosa na América do Sul, tanto no Brasil, quanto na Argentina. A demanda chinesa pelo produto brasileiro está muito aquecida e a Argentina vivenciou uma quebra de safra. Além disso, o governo do país anunciou mudanças nas taxas de exportações (“retenciones”), que podem acabar beneficiando o cultivo da soja.
“Esse cenário da demanda pela soja norte-americana em comparação à da América do Sul, em especial a brasileira, acaba sendo um incentivo ao cultivo da oleaginosa, mesmo num contexto geral de oferta elevada, com estimativas de estoques mundiais em 110.04 milhões de toneladas, de acordo com o USDA”, afirma a INTL FCStone, em relatório.
A tarifa de 25% sobre a soja norte-americana importada pela China, que entrou em vigor no último dia 6/7, além de continuar pesando sobre os preços, já modificou as estimativas de exportações dos EUA para o ciclo 2018/19, atualmente em 56 milhões de toneladas, contra a expectativa anterior de 62.3 milhões de toneladas.
“Não se espera que essa queda da demanda pelo grão norte-americano seja plenamente compensada pela compra em outros países como o Brasil”, informa a consultoria.
“A China está se ajustando para evitar ao máximo a compra de soja dos EUA, já tendo reduzido suas estimativas de importações para 84.66 milhões de toneladas. Foi uma queda de pouco mais de nove milhões de toneladas em relação ao número anterior e ao estimado pelo USDA”. Com isso, não somente os estoques dos EUA devem ser recordes como também os mundiais.
O principal ponto que pode modificar o cenário para as cotações da soja, com os preços no mercado doméstico voltando a ficar mais correlacionados com Chicago, é algum acordo entre China e EUA que suspenda a taxação de 25% imposta ao produto norte-americano, ou que o país asiático acabe importando volumes significativos de soja norte-americana, mesmo com a tarifa.
Em novembro, será realizada a eleição de meio de mandato nos EUA, o que poderia resultar em perda de maioria do partido republicano, enfraquecendo o apoio às decisões de Donald Trump, em direção à maior reaproximação dos EUA com os chineses.
“Sem tarifas de importação, a China tenderia a voltar a comprar soja dos EUA, abrindo espaço para uma reação mais consistente dos preços em Chicago”, pondera a INTL FCStone.
Outra possibilidade, segundo a consultoria, “seria ocorrer algum problema durante o desenvolvimento da safra da América do Sul, principalmente no Brasil, que restringisse a oferta de maneira significativa. Mas, por enquanto, as perspectivas são de um clima dentro da normalidade ao longo do desenvolvimento da safra no país”.
Fonte: INTL FCStone