Grãos: Grau de dependência da nova safra dos EUA aumenta após perdas na América do Sul

Nos próximos dias começa o verão nos Estados Unidos e todas as atenções do mercado agora estão voltadas – e deverão se manter assim – para as condições de clima em que a safra 2016/17 irá se desenvolver. Além disso, institutos norte-americanos de meteorologia já indicam 75% de chances de ocorrência de um La Niña, depois do El Niño e, caso venha a se confirmar, também poderá impactar a nova safra, além de aumentar a já elevada volatilidade no mercado futuro de grãos.

Para o consultor Flávio França Junior, da França Junior Consultoria, desde que os números da safra 2015/16 da América do Sul foram reduzidos, as atenções para a nova safra dos Estados Unidos foram redobradas. “O grau de dependência da produção norte-americano aumentou e, agora, qualquer ameaça à ela vai preocupar e deixar o mercado mais nervoso”, disse.

No entanto, afirmou que ainda é cedo para falar em problemas efetivos nos EUA, apesar de alguns pontos das principais regiões produtoras do país sofrerem com algumas adversidades climáticas. Será preciso acompanhar de perto a evolução da safra, e os meses decisivos são julho para o milho e agosto para a soja.

“O plantio do milho está bem adiantado, próximo da conclusão, e se precisar de alguns dias de junho não haverá problema. A soja ainda tem bastante tempo hábil”, disse França.

O consultor, por outro lado, chama a atenção para um dos componentes que tem sido mais observado pelo mercado que é a área de plantio. Para a soja, as primeiras estimativas indicavam uma redução em relação à temporada anterior. Porém, a recente altas dos preços em Chicago podem atrair os produtores para a oleaginosa. As condições de clima, entretanto, serão determinantes para que isso de fato se confirme e irão, certamente, influenciar na decisão dos agricultores.

O NOAA, o departamento oficial de clima do governo norte-americano, divulgou a sua previsão para a nova estação indicando que entre junho, julho e agosto, as temperaturas deverão ser mais altas do que a média por todo os EUA. Os únicos estados que poderiam ter temperaturas dentro da normalidade seriam Dakota do Sul, Nebraska, Kansas e Oklahoma.

Previsão de temperaturas para o verão norte-americano – Fonte: NOAA

 

Com relação as chuvas, o NOAA prevê que quase todo os Estados Unidos pode receber chuvas dentro da normalidade. Porém, prevê que a porção oeste do Corn Belt pode enfrentar condições de clima mais úmido do que o normal para o verão.

Previsão de chuvas para o verão norte-americano – Fonte: NOAA

 

Previsões estendidas

Neste momento, o plantio se desenvolve bem nos Estados Unidos e há apenas algumas preocupações pontuais em áreas do Meio-Oeste que vêm recebendo chuvas acima da média para o período. As condições atrasaram ligeiramente os trabalhos de campo nessas regiões, mas ainda não trazem preocupações para o mercado, segundo os analistas.

Nos próximos 7 dias, ainda segundo as previsões do NOAA, o Corn Belt deverá ter chuvas mal distribuídas e oscilando entre leves e moderadas – com os acumulados variando entre 12 e 38 mm, enquanto outras áreas terão tempo seco e temperaturas moderadas.

O mesmo pode acontecer na região do Delta, enquanto alguns estados como Kentucky, Tennessee, Alabama e Mississipi podem registrar volumes de 15 a 40 mm. Em Louisiana e no Arkansas, algo entre 40 e 60 mm. Já as Planícies do Sul podem receber volumes mais elevados, entre 40 e 150 mm.

Previsões de chuvas para os próximos 7 dias nos EUA – Fonte: NOAA

 

Para mais adiante, a situação é outra. Para os próximos 8 a 14 dias, as chuvas podem ficar ligeiramente abaixo da média para o período em quase toda a área produtora norte-americana. A exceção fica por conta de Michigan e Ohio, que podem ter chuvas acima da média. Nesse período, as temperaturas não deverão ter um padrão, com o Sul e o Centro-Leste com temperaturas entre normal e abaixo do normal.

Previsões de chuvas para os próximos 8 a 14 dias nos EUA – Fonte: NOAA

 

 

Previsões de temperaturas nos próximos 8 a 14 dias nos EUA – Fonte: NOAA

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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