O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, reafirmou o compromisso do Executivo com o setor agropecuário e convocou os produtores para um 2016 de geração de renda e emprego. Suas declarações foram feitas durante o 1º Encontro das Cadeias Produtivas do Setor Agropecuário Paulista, organizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA). Realizado no último dia dia 15 de dezembro, no Palácio dos Bandeirantes, o encontro também serviu para destacar as ações para impulsionar a agropecuária paulista.
O encontro contou com as presenças do secretário da Pasta, Arnaldo Jardim; do vice-governador do Estado, Márcio França; e do secretário estadual de Logística e Transportes, Duarte Nogueira, e reuniu cerca 900 pessoas, entre produtores rurais, membros de 20 cadeias produtivas e autoridades.
Segundo Alckmin, neste ano, a agricultura salvou a lavoura e segurou o emprego, ajudando a economia do País. “A agropecuária tem sido exemplo positivo, em meio à turbulência política, social e econômica do País, e deve continuar gerando postos de trabalho e garantindo renda no próximo ano”, previu. “Tenho certeza que 2016 também não será fácil, mas acredito que poderemos avançar e recuperar a atividade econômica.”
Ele também defendeu a criação de um conjunto de políticas públicas, em especial, políticas agrícolas. “Deveremos fazer um esforço em conjunto na questão do plano de safra plurianual, do ponto de vista do crédito ou de segurança da produção”, enfatizou.
O governador afirmou que o País tem se isolado cada vez mais, pelo fato de não firmar novos acordos internacionais, e mencionou alguns desafios a serem vencidos no próximo ano: “Além de maior abertura do Brasil para o mercado externo, é preciso manter o status de sanidade animal e vegetal do Estado e dar continuidade às pesquisas da Secretaria da Agricultura que agregam valor à produção e geram renda e emprego no campo.”
Reivindicou ainda maior atenção do governo federal à agropecuária, principalmente no sentido o custo de produção que, em sua opinião, é pressionado pela infraestrutura inadequada para o escoamento da produção, pela política fiscal equivocada e a alta taxa de juros, a segunda maior do mundo.
MEIO AMBIENTE E AGRICULTURA FAMILIAR
Em seu pronunciamento, o secretário Arnaldo Jardim fez um balanço de sua gestão frente à Secretaria da Agricultura e reforçou o compromisso do Estado com a preservação ambiental e com a agricultura familiar.
Jardim destacou a interação entre os diversos setores da agropecuária como forma de garantir saldos positivos, uma relação fortificada em ações como as Câmaras Setoriais da Secretaria, responsáveis pelo diálogo entre o governo e a iniciativa privada, que foi reforçada com a reativação das Comissões Técnicas. “As Câmaras interagem em torno de seus trabalhos específicos e as Comissões Técnicas garantem essa fina sintonia”, salientou o secretário.
José Goldemberg, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), declarou o apoio da entidade a esse trabalho e destacou as oportunidades de cooperação com produtores, institutos de pesquisa e universidades. Segundo ele, a Fapesp tem dois programas que interessam ao setor produtivo, um deles focado em pequenas empresas e, outro, para grandes companhias do setor de sementes. “Venham discutir conosco inovações nessa área de desenvolvimento.”
COOPERATIVISMO
Para o governador do Estado, a retomada da estabilidade econômica passa pelo trabalho, principalmente aquele capaz de assegurar qualidade de vida, emprego e renda. Na visão de Alckmin, o corporativismo tem sido um importante instrumento para associar pequenos e médios agricultores a avançar ainda mais na cadeia produtiva.
A união dos produtores em associações e cooperativas foi o caminho apontado na palestra “A Virtude e a Atualidade do Associativismo”, de Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Agro) e membro da Academia Nacional de Agricultura, mantida pela Sociedade Nacional da Agricultura (SNA).
Para Rodrigues, o cooperativismo é um dos instrumentos que organizam a sociedade e ajuda o País a avançar. “É uma doutrina que corrige o social pelo econômico, uma via intermediária entre o capitalismo e o socialismo e vai crescer de maneira extraordinária”, disse.
CADEIAS PRODUTIVAS
União importante e produtiva também na opinião de outro palestrante do evento, Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). Falando sobre “Conceito de Cadeias Produtivas”, ele chamou atenção para a força da união em torno de um objetivo comum.
“Precisamos nos unir para criar defesas, gerar valores contra os ataques e a exclusão que podem existir no mercado, o que passa por uma maior integração, por meio dessas associações e cooperativas, e pela redução de custos, uma forma de se tornar mais produtivo e competitivo, ganhar mercado e gerar emprego e renda”, argumentou Neves.
Mas todo esse movimento de junção de forças não pode esquecer a questão ambiental, segundo Xico Graziano, professor de pós-graduação da FGV-Agro. Em sua palestra sobre Agricultura Sustentável, ele lembrou que a questão ambiental na produção é uma força civilizatória que não tem volta. “É preciso dominar a sustentabilidade investindo em tecnologias viáveis e ambientalmente corretas”, argumentou.
NOVOS COMPROMISSOS
Durante o encontro, o governo de SP também autorizou a Secretaria a criar uma linha de crédito, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), para diminuir os prejuízos de bananicultores do Vale do Ribeira. Mais de 1,5 mil hectares de plantações de banana do município de Sete Barras, o principal produtor do Brasil e de Registro, foram destruídos por uma forte chuva de granizo que castigou a região do Vale do Ribeira em setembro deste ano, prejudicando mais de 70 famílias.
Também foram assinados decretos para a reorganização do Conselho Estadual de Defesa da Agricultura Familiar (Cedaf), para a criação da Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica para caprinos, ovinos e suínos e o plano de demarcação de parques aquícolas.
Ainda foram firmados termos de cooperação técnica para a cultura do bambu e protocolo de intenções com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que dispõe sobre a criação de grupo de trabalho para implantação do Plano de Agricultura de Baixo Carbono.
Por equipe SNA/SP