Frango: cotações

Frango inteiro é quem puxa para baixo as exportações da avicultura de corte ///

Uma das máximas da economia indica que produtos com menor valor agregado (ou seja, mais baratos) são os que ganham maior espaço nos momentos de crise financeira. Como, sob esse aspecto, o mundo (não apenas o Brasil) caminha tropegamente, seria de supor que, entre os itens de carne de frango exportados pelo País, o frango inteiro ampliaria mercados, visto ser o de menor custo. Mas não está sendo bem assim. Aliás, muito pelo contrário.

Analisando-se as exportações brasileiras de carne de frango dos últimos 12 meses, constata-se que o item que vem puxando para baixo os resultados do período é exatamente, o frango inteiro. Porque é o único a apresentar, a um só tempo, redução de volume e de preço.

Explicando, os outros três itens (cortes, industrializados e carne salgada) ou apresentaram redução de volume ou de preço médio. Já o frango inteiro perde nos dois quesitos e, portanto, também na receita cambial.

Não só isso. Pois enquanto as perdas apresentadas pelos outros três itens são pouco significativas, as do frango inteiro são bastante sensíveis.

Assim, por exemplo, a redução de 5,76% no volume de industrializados de frango correspondeu a menos de 10.000 toneladas não exportadas. Já os 7,8% de queda do frango inteiro representam 113.600 toneladas a menos – o suficiente para neutralizar, quase totalmente, o aumento de 157.400 toneladas dos cortes e de 3.800 toneladas da carne salgada.

Em suma, a despeito da queda no preço médio (fato natural frente à valorização cambial), volume e receita das exportações brasileiras de carne de frango seriam bem melhores não fosse a queda de volume experimentada pelo frango inteiro.

Vendas externas de carne de frango continuam negativas no ano

Os números consolidados da SECEX/MDIC confirmam que os embarques brasileiros de carne de frango continuam caminhando opostamente às sinalizações vindas do mercado internacional. Ou seja: a ocorrência de surtos de Influenza Aviária em grande parte dos países produtores-exportadores do Hemisfério Norte aponta que os importadores devem se voltar para o único produtor capaz de atender a uma grande demanda, o Brasil. No entanto, os embarques brasileiros do produto seguem negativos.

Nos meses de maio, por exemplo, o volume exportado tem se colocado, normalmente, entre os melhores do ano (terceiro maior volume em 2013; primeiro maior volume em 2012). Mas em 2015 o total embarcado em maio ficou aquém do registrado nos meses de março e abril.

Ao todo (cortes, frango inteiro, industrializados de frango e carne de frango salgada) foram 322.187 toneladas, resultado que correspondeu a reduções de 7,06% e 2,36% sobre, respectivamente, o mesmo mês do ano passado e o mês anterior, abril de 2015. Este foi, também, o pior maio dos últimos cinco anos, retrocedendo-se, na prática, ao mesmo volume registrado em maio de 2010 (322.151 toneladas).

Como as quedas observadas se repetiram pelo segundo mês consecutivo, o volume acumulado no ano (cinco meses) também permanece negativo, com redução de 2,71% em relação ao período janeiro-maio de 2014. O (pouco mais de) 1.5 milhão de toneladas embarcado até aqui corresponde, igualmente, ao menor volume dos últimos cinco anos.

De positivo, por ora, só o acumulado nos últimos 12 meses – perto de 3.952 milhões de toneladas, quase 1% a mais que o alcançado em idêntico período anterior. Tal resultado, porém, é influenciado pelos excelentes volumes registrados em julho, setembro e outubro de 2014, todos superiores a 350.000 toneladas mensais. Quer dizer: se não houver breve reversão dos números, também o desempenho em 12 meses pode se tornar negativo.

Os primeiros números de junho corrente dão indícios de que a reviravolta pode ter começado.

Mais um dia de negócios, mais uma alta do frango vivo

Dentro do previsto – isto é, sem nenhuma surpresa para quem vem acompanhando a evolução do mercado – o frango vivo obteve, ontem (11), nova alta de cinco centavos. Assim, tanto em Minas Gerais como em São Paulo foi comercializado por R$ 2,50/kg, acumulando nos primeiros 11 dias do mês incrementos de preço de, respectivamente, 31,6% e 16,3%.

Para a imagem do setor, infelizmente, esse incremento se concentra todo em junho e, com certeza, vai fazer com que o frango seja um dos argumentos para justificar a inflação do mês. Exatamente como ocorreu com o tomate em maio.

Nesses casos, sempre se esquece dos antecedentes de tal tipo de alta. Veja-se, como modelo, o ocorrido com o frango vivo em Minas Gerais: obteve em junho, até ontem, R$ 0,60 de reajuste (+31,6% em relação ao preço alcançado em 31 de maio). Mas antes que isso ocorresse perdeu, em pouco mais de dois meses, R$ 0,70 do preço então obtido.

Ou seja: o ganho atual ainda não repõe o que foi perdido no ano. E o que foi perdido em 2015 não leva em conta o melhor preço já atingido pelo frango vivo mineiro – R$ 3,05/kg, no agora longínquo início de 2013. Neste exemplo, mesmo com a recuperação atual, o frango vivo ainda acumula uma perda de R$ 0,55.

 

 

Fonte: Avisite

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