A crise no mercado de fertilizantes continua mostrando os seus desdobramentos neste início de 2022 e como antecipado ao Notícias Agrícolas pelo analista Jeferson Souza, da Agrinvest Commodities, um dos principais pontos de atenção se dá sobre o cloreto de potássio.
Os problemas geopolíticos envolvendo a Bielorrússia seguem se intensificando e algumas sanções previstas para janeiro começam a ser colocadas em prática, o que pode comprometer o fornecimento e os preços do KCl.
Nesta semana, a Yara Fertilizantes divulgou uma nota oficial informando que encerra quaisquer relações comerciais com a Bielorrússia, concluindo suas atividades no país e, consequentemente, diminuindo a oferta global do fertilizante.
“A Yara está comprometida em cumprir todas as leis e regulamentos aplicáveis, incluindo sanções. Embora o fornecimento da Yara da Bielorrússia esteja em total conformidade com as sanções aplicáveis, outras partes da cadeia de suprimentos estão retirando os serviços essenciais necessários para permitir as exportações de potássio da Bielorrússia, como resultado do que a Yara iniciou uma redução nas atividades de fornecimento”, informou a empresa em nota.
“Se espera que a liquidação seja concluída em 1º de abril de 2022. A Yara continuará monitorando quaisquer mudanças na situação, incluindo sanções, como parte de suas operações de fornecimento em andamento.”
Entrave
Na sequência, a notícia era de que a Bielorrússia estaria perdendo uma importante rota de transporte de cloreto de potássio, causando mais um entrave para o fornecimento deste fertilizante, podendo elevar ainda mais seus preços e, consequentemente, os custos de produção no campo.
Segundo a Bloomberg, o ministro dos Transportes bielorrusso, Marius Skuodis, afirmou que a Lituânia encerra em 1º de fevereiro o contrato entre as Ferrovias da Lituânia e a estatal Belaruskali OAO.
A medida faz parte das ações tomadas pelos Estados Unidos e seus aliados para intensificar as pressões sobre o presidente Alexander Lukashenko a respeito das eleições presidenciais do país, e o potássio é um dos focos da questão política.
Vendas
As exportações de cloreto de potássio são muito importantes para a economia local. A Bielorrússia, conforme informou a agência internacional de notícias, embarcou 12 milhões de toneladas de KCl por ano pelo porto de Klaipeda para os mercados internacionais, o que contou com grande contribuição das ferrovias lituanas.
“A decisão é significativa, pois afeta os embarques da Bielorrússia para a Ásia, incluindo Índia e China”, disse Elena Sakhnova, analista da empresa VTB à Bloomberg. Para outros mercados, porém, a situação pode ser ainda mais severa.
Em dezembro último, diante desses entraves no fornecimento e de mais fundamentos que elevaram os preços dos fertilizantes, o valor do cloreto de potássio no Brasil alcançou expressivos US$ 780,00 por tonelada, registrando um valor recorde.
O Brasil é o segundo maior consumidor mundial deste produto. Até novembro de 2021, ainda segundo Jeferson Souza, a Bielorrússia já havia exportado para o Brasil cerca de 2.2 milhões de toneladas de cloreto, praticamente o mesmo volume do período em 2020.
Incertezas
As alternativas têm sido o Canadá e a Rússia, “que aumentaram significativamente as exportações, absorvendo o aumento da demanda de KCl no mercado interno brasileiro”, afirmou Sakhnova.
“As incertezas ainda são inúmeras quanto ao fornecimento e também preços para a próxima safra”, complementou a especialista.
Relações de troca
Em sua entrevista ao Notícias Agrícolas nesta semana, Souza, da Agrinvest, indicou que as relações de troca para a soja 2022/23 do Brasil tiveram uma ligeira melhora para o produtor diante da valorização da oleaginosa, porém, ainda seguem mantidas em patamares historicamente elevados.
No caso do KCl, as relações de troca chegaram a mostrar uma baixa de praticamente duas sacas, como mostra o gráfico abaixo, mas ainda assim segue 144% maior do que no mesmo período do ano passado.
Fonte: Notícias Agrícolas
Equipe SNA