Pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), revela que o setor agrícola brasileiro comprou, entre 2000 e 2012, 823.226 toneladas de agrotóxicos, sendo que muitos deles foram proibidos em outros países. O aumento, somente nesse período, foi de 162,32%.
Isso significa que o brasileiro está consumindo alimentos com um volume cada vez maior de defensivos agrícolas, ficando mais suscetível a adquirir doenças e outros problemas de saúde em razão da ingestão dessas substâncias.
De acordo com a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), o Brasil, desde 2009, é o primeiro consumidor mundial de agrotóxicos.
Entre 2007 e 2014, segundo a ABA, foram registrados 34.147 casos de intoxicação por agrotóxicos. Nesse aspecto, especialistas afirmam que as conseqüências para a saúde humana são bastante variadas, incluindo desde casos de má formação do feto, câncer e disfunção fisiológica, a problemas cardíacos e neuronais.
Uma possível redução no uso e consumo de defensivos pode estar nas mãos do poder público. É o que assinala o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura, Alberto Figueiredo.
ALTERNATIVAS
“A opção é o poder público apoiar e apresentar propostas sérias de produção sustentável. A agricultura e pecuária orgânicas já demonstram essa viabilidade. Ao mesmo tempo, a ação do poder público em relação à análise mais rigorosa e frequente dos alimentos consumidos, poderá resguardar os interesses dos consumidores em relação aos sérios prejuízos à saúde decorrentes da presença de certos princípios ativos e de doses superiores às permitidas nos alimentos que consomem”, explica o diretor da SNA.
CÍRCULO VICIOSO
Para ele, grande parte das doenças que acometem a humanidade – “embora não haja pesquisas conclusivas” – pode ter origem nos produtos químicos presentes nos alimentos consumidos no dia-a-dia.
Figueiredo observa que os plantios que são desenvolvidos de forma isolada, “por falta de conhecimento, pesquisa ou estímulo às práticas sustentáveis”, se tornam passíveis de pragas e doenças diversas. “Forma-se assim um círculo vicioso que se avoluma, diante do aumento da resistência dessas pragas às fórmulas químicas de herbicidas, fungicidas, bactericidas, etc. Com isso, torna-se necessário o uso de fórmulas alternativas e doses crescentes e mais freqüentes desses produtos”, assinala do diretor da SNA.
No entanto, segundo Figueiredo, é importante que a sociedade possa debater esse tema com freqüência, para que o nível de conscientização acerca do problema seja ampliado e resulte em alternativas benéficas para a agricultura e a saúde humana.
FORNECEDORES
Em recente relatório, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), informou que a China continua a manter o posto de maior fornecedor de defensivos para o Brasil. Em 2014, o país asiático deteve 26,31% do mercado, com 109.968 milhões de kg/l embarcadas, mantendo quase o mesmo resultado de 2013 (26,32%). Já os Estados Unidos se posiciona em segundo lugar, com 21,33% de participação (equivalentes a 89.186 kg/l) em 2014, à frente da Argentina (7,59%) e da Índia (6,27%).
Equipe SNA/RJ