Fim dos juros controlados para o pré-custeio da safra

Principal agente financiador do agronegócio nacional, o Banco do Brasil deu largada ontem à oferta de crédito rural para o pré-custeio da próxima safra (2019/20), que começa oficialmente em 1º de julho.

Diferentemente de outras ocasiões, desta vez não haverá recursos a juros controlados, o que reforça a política do governo federal de reduzir a oferta de crédito subsidiado no próximo Plano Safra.

O anúncio de que o banco estatal já está oferecendo recursos para o pré-custeio, basicamente, para a antecipação da compra de insumos como defensivos agrícolas e fertilizantes, foi feito ontem, em cerimônia em Brasília, pelo vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, o executivo Ivandré Montiel.

Ao contrário dos últimos anos, em que a instituição reservava mais de R$ 10 bilhões a juros controlados, neste ano o banco estatal não reservou um montante específico de financiamentos para o pré-custeio.

A mudança também se refletiu na cerimônia, que foi mais modesta se comparada à dos anos anteriores, que contava com a presença do presidente da República.

“A partir de hoje, vocês podem procurar nas suas agências pelos recursos do pré-custeio, e este ano com uma novidade: não há limite de financiamento. Normalmente o limite era de R$ 3 milhões (por produtor)”, disse Montiel para uma plateia de 110 produtores.

O executivo ressaltou que, na atual safra (2018/19), o Banco do Brasil já concedeu R$ 64 bilhões em crédito rural. A instituição tem uma fatia de mais de 60% na oferta desse crédito, segundo dados compilados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Apesar de agora só oferecer recursos de pré-custeio com juros livres, o Banco do Brasil reduziu a taxa mínima para esse tipo de financiamento, de 9,75% por ano para 8,75% por ano. No entanto, a depender do risco de crédito do produtor, a taxa pode ser maior.

O movimento do banco de ofertar mais financiamentos ao agronegócio com juros livres é um sinal da nova política desenhada pela equipe econômica e se deve à escassez de recursos em algumas das principais linhas de financiamento do Plano Safra 2018/19, que contam com taxas de juros mais baixas.

Diante desse cenário, que se deve a mudanças regulatórias do governo anterior e à forte demanda por empréstimos no setor rural, a atual equipe econômica chegou a remanejar recursos de linhas menos procuradas e mexeu nas regras do crédito rural, o que permitiu uma oferta adicional de R$ 6 bilhões a juros controlados para produtores de pequeno e médio porte.

O esforço do governo, no entanto, não contemplou os grandes produtores e desagradou aos fabricantes de máquinas, que contavam com a ampliação da oferta de crédito para o Moderfrota, linha voltada para a financiamento da compra de máquinas e implementos agrícolas.

A avaliação do setor privado é que, sem um aporte adicional do governo, os recursos do Moderfrota podem se esgotar ainda antes da Agrishow, principal feira agropecuária do país, que acontecerá em Ribeirão Preto (SP) entre 29 de abril a 3 de maio. A feira é um dos principais eventos para as vendas de máquinas agrícolas.

No acumulado da safra 2018/19, que começou em julho do ano passado, até 31 de março, os produtores rurais já tomaram R$ 7 bilhões em crédito por meio do Moderfrota, um expressivo crescimento de 34,6% na comparação com o total liberado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Banco Central.

 

Valor Econômico

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp