O mercado de feijão-carioca trabalha como se fosse “andar de bicicleta”: se parar, cai. Mas a realidade não é esta. Se a demanda para, nem sempre o preço tem de recuar.
Não está fácil repassar os novos valores para a gôndola. Há um processo de assimilação e, finalmente, de aceitação dos valores mais altos. O empacotador segue prensado entre o produtor e o supermercado.
A pior coisa que pode acontecer para a indústria é o sobe e desce. Ora, se não há comprador, os produtores e os cerealistas que trabalham vendendo no interior do Brasil não comercializam. Sobretudo agora, com a oferta curta.
Assim ocorre com os feijões que não olham para o Brás, em São Paulo, para serem vendidos. No feijão-carioca vê-se que ainda existem aqueles que defendem a manipulação efetuada a partir do Brás. E acabam por causar prejuízo aos produtores e aos empacotadores.
Será que os poucos que venderam ontem não têm sido manipulados? Talvez. Alegar que alguém tem de vender abaixo do mercado para abastecer o consumidor é balela.
Quando alguém vende em momentos de instabilidade, como agora, a maior parte não vai para a mão do empacotador. Vai para alguém que está de olho no mercado e pensa que foi uma boa hora de pegar uma pechincha.
Muitas vezes até são aqueles mesmos que defendem com unhas e dentes que a referência de preço tem de ser o valor dos pingados vendidos lá em São Paulo. Cerealista, corretor ou produtor: defenda o setor. Busque irradiar as informações corretas.
Quando não se está todo tempo acompanhando o mercado, é fácil ser vítima de manipulação. Se alguém perde uma boa oportunidade de vender melhor, não se ganha com isso. Todos são afetados pela menor oferta e, consequente, pelo menor consumo.
Estamos, por forças de circunstâncias, maltratando o consumidor. Não devemos seguir cada um por si no feijão. Todos nós evoluímos muito por colaborar nos últimos anos relatando a área plantada e os valores de compra e venda.