Para uma segunda-feira, o mercado do feijão-carioca foi muito interessante ontem. A cada dia que passa, o quadro de extrema tranquilidade para o abastecimento vai se tornando um pouco mais nervoso. Qual a razão para os compradores voltarem às compras em uma segunda-feira? Pagaram R$ 130,00 nas lavouras por feijão de melhor qualidade em Goiás e em Minas Gerais. Ou ainda R$ 100,00/R$ 105,00 por feijão nota 8 com 12 de umidade no Mato Grosso.
Quando se observa o quadro com um pouco mais de distância, se vê que as mudanças que ocorrem neste mercado são muito mais profundas do que imaginamos quando olhamos superficialmente e com os olhos viciados. Há um fator que faz uma grande diferença. Ocorre que o feijão está extremamente barato. Sim, quando comparado com o ano passado, claro. Mas também quando comparado com outros alimentos, hoje. O feijão desaparece nas prateleiras dos supermercados e pequenas lojas de varejo por todo o Brasil. É uma fartura encontrar o principal ingrediente de refeição tipicamente brasileira por R$ 0,27. E mais: sacia a fome de trabalhadores braçais tanto quanto os que têm fome por saúde ou, ainda, aqueles que optam por uma dieta vegetariana.
Não há como esquecer que cresce o número de consumidores nas duas pontas da escala social. Desde as famílias que sofrem com o desemprego e o poder aquisitivo mais baixo, quanto por parte daqueles que passam ao largo do desastre econômico e têm nas questões de sustentabilidade e filosofias de vida a razão de suas preocupações. Nenhum alimento é mais emblemático neste sentido no Brasil do que o nosso feijão.
Fonte: Ibrafe