FCStone eleva produção de açúcar em 2019/20 acima de 30 milhões de toneladas

A produção de açúcar no centro-sul do Brasil deverá se recuperar na safra 2019/20, que se inicia em abril, e ficar novamente acima das 30 milhões de toneladas, com usinas atentas a preços potencialmente fortalecidos pelo cenário de déficit na oferta global. A informação é da INTL FCStone.

Em seu segundo levantamento para a nova temporada, a consultoria projetou uma produção de 30.2 milhões de toneladas do adoçante na principal região canavieira do país, contra 29.3 milhões de toneladas da sondagem anterior. Também foi previsto aumento de 14,3% em relação ao esperado no atual ciclo 2018/19, marcado por forte foco no etanol em razão da melhor rentabilidade do biocombustível.

Na contramão, a produção de álcool de cana tende a cair 10,7% na comparação anual, para 26.8 bilhões de litros em 2019/20, sendo 17 bilhões de hidratado e 9.8 bilhões de anidro. Na estimativa anterior, de novembro, a expectativa era de 27.4 bilhões de litros.

Os analistas da INTL FCStone João Paulo Botelho e Matheus Costa escreveram em relatório que o cenário deve ser “majoritariamente altista” para o açúcar e o etanol nos próximos meses.

“O petróleo deve ser sustentado pela redução na produção dos países da OPEP+ e pela possibilidade de endurecimento nas sanções americanas contra o Irã, enquanto os preços do açúcar devem ser beneficiados por um cenário de déficit para a safra global 2018/19”, afirmaram os especialistas.

A OPEP+ é a designação do grupo formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, como a Rússia, que juntos estão cortando a oferta do óleo para conter a queda nos preços.

“Vale destacar, porém, que os futuros do adoçante devem ser influenciados indiretamente pelo movimento do petróleo e, ainda por cima, receber o impacto direto de seus próprios fundamentos”, acrescentaram os analistas.

“Neste sentido, é improvável que a commodity energética se valorize tanto em relação ao açúcar a ponto de recuperar as perdas recentes. Desta forma, vemos um cenário mais favorável à produção de açúcar na safra 2019/20”.

Segundo a INTL FCStone, a moagem de cana no centro-sul deve cair 1% em 2019/20 em relação a 2018/19, para 564.7 milhões de toneladas – resultado estável em relação à projeção passada.

O mix deve ser de 41% da oferta de matéria-prima para o adoçante e os outros 59% para etanol, versus 35,3% e 64,7%, respectivamente, na temporada anterior. Por enquanto, as condições dos canaviais estão boas, apesar de chuvas aquém da média em dezembro, segundo a INTL FCStone.

A consultoria também manteve estável sua previsão para a produção de etanol de milho em 2019/20, com 1.2 bilhão de litros e aumento de 35,2% em relação ao estimado para a safra que se encerra.

“Vale destacar que este aumento deve ser possibilitado tanto pela abertura de novas destilarias que operam com o cereal, como pela expectativa de crescimento em mais de 20% na produção da matéria-prima na safrinha”, afirmaram Botelho e Costa.

Oferta global

A INTL FCStone passou a prever um déficit de 700.000 toneladas na oferta global de açúcar na temporada 2018/19, iniciada em outubro, em relação à expectativa de excedente de 1 milhão de toneladas anteriormente. O balanço reverteria um superávit de 9.4 milhões de toneladas em 2017/18.

A consultoria vê a produção de açúcar caindo em diversas geografias, como Índia (30.2 milhões de toneladas, ou queda de 6,5% em relação a safra anterior), União Europeia (17.1 milhões, ou menos 12,4%) e Tailândia (14 milhões, recuo de 7%).

“A finalização da colheita e do processamento da beterraba na Europa e nos Estados Unidos, bem como o início das atividades nos canaviais de grandes produtores da Ásia, como Índia, Tailândia e Paquistão, reforçaram o contexto de piora nas perspectivas produtivas para o ciclo atual”, disseram os analistas da INTL FCStone.

“Cabe destacar que o clima adverso, tanto no período de semeadura quanto durante a época de desenvolvimento das culturas sacarinas, foi determinante nas projeções de oferta de açúcar.”

 

Fonte: Reuters

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