FAO estima retração das cotações das commodities no próximo ano

Os preços das commodities agrícolas deverão cair nos próximos 12 meses na esteira da forte contração do Produto Interno Bruto (PIB) global, estimou na última sexta-feira Maximo Torero-Culler, economista-chefe da FAO, a agência da ONU para agricultura e alimentação.

Segundo ele, uma vez controlada a pandemia da Covid-19, o mundo estará em severa recessão. Assim, a demanda agrícola vai diminuir, derrubando preços no setor, exceto de produtos como arroz e frutas.

“Não sabemos o timing exato (da queda de cotações agrícolas). O que sabemos é que o próximo ano será de recessão, mas esperamos que seja também o começo de uma ligeira retomada”, disse Torero-Culler ao Valor.

No momento, uma das maiores preocupações da FAO é com as restrições que vêm sendo impostas por diversos governos no comércio exterior. Limitações globais no movimento de pessoas e de produtos, por exemplo, têm impacto nos sistemas alimentares e causam gargalos nos fluxos de bens e serviços.

“A pandemia do Covid-19 é uma crise global que está afetando o setor agroalimentar”, reforçou o economista da FAO. “Medidas atuais para conter a propagação do vírus estão afetando exportações e importações de alimentos”. Para Torero-Culler, isso é o que de pior pode acontecer em um momento como este.

Além disso, a repressão nas fronteiras contra milhões de migrantes aumenta as dificuldades no campo em vários países, que não terão mão-de-obra suficiente para as colheitas, principalmente em segmentos intensivos como frutas e vegetais.

O resultado é que esses países poderão ter de acumular produtos sem vendê-los, provocando desperdício e queda de renda. “A FAO conclama os países a atender as necessidades alimentares mundiais das populações mais vulneráveis, reforçar a proteção social e manter o comércio aberto”, disse Torero-Culler.

 

Valor Econômico

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