Famato: 2015 foi um ano de muita cautela e incertezas, avalia Rui Prado

“Este, sem dúvida, foi um ano de cautela e muitas incertezas, marcado pela fortíssima crise política e, consequentemente, econômica que o País ainda está vivendo. Do ponto de vista do agronegócio, sobretudo nas atividades que se utilizam de produtos cotados em dólar, a instabilidade da moeda brasileira causou apreensão”, avalia Rui Prado, presidente do Sistema Famato/Senar. Foto: Divulgação
“Este, sem dúvida, foi um ano de cautela e muitas incertezas, marcado pela fortíssima crise política e, consequentemente, econômica que o País ainda está vivendo. Do ponto de vista do agronegócio, sobretudo nas atividades que se utilizam de produtos cotados em dólar, a instabilidade da moeda brasileira causou apreensão”, avalia Rui Prado, presidente do Sistema Famato/Senar. Foto: Divulgação

O ano de 2015 está chegando ao fim e, com ele, espera-se que vão embora os momentos financeiros difíceis que o Brasil enfrentou ao longo de 12 longos meses. “Este, sem dúvida, foi um ano de cautela e muitas incertezas, marcado pela fortíssima crise política e, consequentemente, econômica que o País ainda está vivendo. Do ponto de vista do agronegócio, sobretudo nas atividades que se utilizam de produtos cotados em dólar, a instabilidade da moeda brasileira causou apreensão”, avalia Rui Prado, presidente do Sistema Famato/Senar (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de MT).

Em sua opinião, 2015 foi complicado para o agro em âmbito nacional, até porque a crise comprometeu, por exemplo, o crédito. “Daí o crédito comprometeu, principalmente, os investimentos. Quem demanda mais investimentos é a área de agricultura, um pouco mais do que na pecuária. E na agricultura existem também muitos investimentos que já tinham sido contraídos em dólar. Isto é um complicador, hoje, para os produtores rurais, por enfrentarem uma crise de crédito e perceberem o aumento do seu endividamento.”

De acordo com Prado, isto ocorre muito com os produtores de soja, de milho e de algodão, por causa da cotação da moeda norte-americana. “Começamos uma safra, então, com o produtor com escassez de recursos. A safra atual está plantada, que é a primeira safra, mas ainda está comprometida por conta do clima. Existem áreas cujos plantios não terminaram ainda. Então, há o comprometimento da primeira safra do ponto de vista de produção, em função do clima.”

 

EFEITOS EM 2016

Para o presidente da Famato, já existe o comprometimento da segunda safra, por causa da instabilidade climática e da diminuição das áreas plantadas. “Com certeza, vai haver uma redução de renda do produtor no ano que vem. Associado ao aumento do endividamento por conta da crise que abate o País, 2016 será um ano muito difícil para a agricultura. Eu não estou vendo um ano simples, será um ano difícil. É um ano em que vai ter muito aperto. A agricultura vai sentir a crise de 2015, que foi protelada para 2016. Existe este complicador: uma safra que, em muitos lugares, terá um comprometimento de produção”, alerta.

No entendimento de Prado, a pecuária brasileira já vivencia outra realidade. “Ela enfrentou também as dificuldades em função, um pouco, do aumento do custo de produção e da alta, principalmente, do valor dos animais. Para quem faz a engorda, ficou um pouco mais difícil. Quem faz a recria teve um ganho neste momento. Quem faz a engorda teve, principalmente, o aumento do seu custo de produção e isto afetou toda a pecuária. Mas de qualquer forma, a pecuária também sofreu uma diminuição do preço, nos últimos meses.”

 

MATO GROSSO

Mesmo diante de todo este cenário, avalia o presidente da Famato, a agropecuária de Mato Grosso ainda é superavitária. “Só em 2014 contribuiu com mais de US$ 13 bilhões para a balança comercial brasileira e se configurou como o único setor que ainda mantém saldo positivo em meio à crise do País. E é o poder de recuperação que o setor tem que garante este cenário. Precisa que o governo pare de tratar o agronegócio como atividade de segunda mão”, critica.

Levando em conta o indicador “Valor Bruto da Produção” – o VBP da Agropecuária –, que demonstra o faturamento total das principais atividades agrícolas do País, Prado destaca que a soja e o milho obtiveram tanto aumento de produção quanto de preço, em virtude da alta do dólar, tendo em vista que boa parte da produção segue para exportação, de 9% e 28% no VBP, respectivamente.

“Já o algodão, tanto em pluma quanto em caroço, obteve queda do VBP (-5%), porque houve uma redução de área, embora tenha tido um aumento do preço, também em virtude do dólar, mas que não foi suficiente para compensar a diminuição de área plantada.”

De acordo com o presidente da Famato, a criação de gado de corte também se destacou menos neste ano, porque ocorreu um momento de oferta restrita de animais. “Sabemos que quanto menor a oferta, melhor o preço, sendo assim, a arroba do boi teve um aumento de preço significativo. Mas o VBP do boi registrou redução (-11%) em virtude da queda do abate.”

Já no mercado de aves, houve aumento de produção e de preço (12%), cita Prado, “justamente porque subiu o valor da carne bovina, o que gerou o aquecimento da demanda por aves”.

Ele acredita que o setor agropecuário em 2016 pode ter um cenário melhor, tanto em MT quanto no País, se houver aumento e maior facilidade de acesso ao crédito rural, além de uma estabilidade do dólar, já que os insumos são comprados nesta moeda.

“A questão da logística para o escoamento dos produtos também precisa ser encarada para que os produtos de Mato Grosso, que está em uma posição geográfica desfavorável em relação aos portos, possam ganhar mais competitividade no mercado internacional.”

 

Por equipe SNA/RJ

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