Com uma receita anual de R$ 5,8 bilhões e processamento de 12 milhões de toneladas de resíduos do abate animal, o equivalente a 3,4 milhões de t de farinhas de osso e sangue e 1,4 milhão de t de sebo (dados de 2014), o setor de reciclagem de resíduos de origem animal projeta retração em 2015, causada pela redução na coleta da matéria prima (ossos e gordura) desde novembro do ano passado, agravada pelo aumento dos custos de produção (energia elétrica, gás, água e combustível).
“O preço da carne subiu e, em consequência, o consumo caiu. O resultado imediato foi a redução do volume de matéria prima coletada diariamente”, resume Gustavo Razzo Neto, presidente do Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal (Sincobesp). “Os meses de janeiro e fevereiro estão sendo um caos, em função da queda da demanda de carne. Será, portanto, um ano muito difícil”, prevê.
Ele também ressalta que o faturamento das empresas do segmento já diminuiu, porém, ele não sabe calcular o valor das perdas. Para se ter uma ideia, ele afirma que a sua empresa, a Razzo, localizada em São Paulo, na Vila Jaguará, já acumula queda no de 17% nos dois primeiros meses deste ano.
Segundo levantamento recente da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), da produção anual de farinhas e gorduras, 46,8% foram destinadas à alimentação de frangos de corte, 15,3% de suínos e 13,3% à indústria de sabões. Considerando as gorduras de origem animal, 40,7% são absorvidas pela indústria de sabões e 34,3% para produção animal (aves, suínos além de rações para o segmento pet).
Dados da Abra dão conta que, do total de 1,4 milhão de toneladas de sebo (bovino ou misto) produzidas em 2010, 57% foram destinadas à indústria de sabões e 24% à produção de biodiesel. De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo), 13,9% do biodiesel consumido no Brasil é produzido a partir de gorduras de origem animal.
Conforme levantamento realizado com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o total de empresas em atividade atualmente no setor, considerando graxarias e fábricas de produtos não comestíveis independentes, o País conta com 512 estabelecimentos (dados de 2010), fiscalizados pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF). As graxarias se concentram no Paraná, o primeiro do ranking, seguido por São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais.
Além de contribuir para a sustentabilidade da cadeia da carne, Razzo Neto afirma que o setor de graxarias é importante fornecedor de matérias-primas para as indústrias de ração animal e biodiesel, e também de cosméticos, produtos de higiene e limpeza, entre outros. “As matérias primas são bastante disputadas no mercado”, garante o presidente do Sincobesp.
Criado em 1996, com o nome de Associação dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal do Estado de São Paulo (Acobesp), com o objetivo de integrar a cadeia produtiva e defender os interesses da indústria de reciclagem animal, a partir de 2003, mudou o nome para Sincobesp e passou a ter abrangência nacional.
EVENTOS DO SETOR
De 25 a 26 de março, o setor de reciclagem de produtos de origem animal estará presente na Fenagra2015 – Feira Internacional das Graxarias, em Ribeirão Preto, em SP. A feira reúne fornecedores de tecnologias, máquinas e matérias-primas para as indústrias de ração animal, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, biodiesel, além do XIV Congresso Brasil Rendering, realizado pelo Sincobesp, cujo tema central é “Padronização das farinhas dentro da realidade e sustentabilidade”.
A programação abordará cenário econômico, mercadológico, exportações e qualidade, , entre outros temas, de forma a promover a importância da reciclagem animal brasileira para o mundo.
Paralelamente à Fenagra, ocorrerá a Expo Pet Food, promovida pela Editora Stilo. O evento apresentará lançamentos e tendências do setor de nutrição para animal de estimação. Entre os expositores estão fornecedores de rações, equipamentos, embalagens, insumos e outros itens voltados para o segmento.
Por equipe SNA/SP