Extremos climáticos influenciam a redução da estimativa de produção de grãos em 2023/24

Se o volume se confirmar, significará que a safra brasileira será 2,4% inferior a de 2022/23 – Imagem de wirestock no Freepik

Os extremos climáticos causados pelo El Niño, com excesso de chuvas no Rio Grande do Sul e seca e altas temperaturas no Centro-Oeste, fizeram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduzir sua estimativa para a colheita de grãos e fibras no país em 2023/24. A indicação agora é de 312,3 milhões de toneladas, na comparação com a expectativa de 316,7 milhões no mês passado.

“Estamos atentos e redobraremos o monitoramento das áreas produtoras. O comportamento do clima este ano é o fator mais determinante para as culturas que estão em plantio e em desenvolvimento, em função do El Niño. Além disso, os atrasos no plantio da soja abrem incertezas para o milho segunda safra”, diz em nota o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto.

No caso da soja, produto mais importante para o agronegócio nacional, a expectativa é que a colheita some 160,2 milhões de toneladas, 2,2 milhões menos que o previsto no mês passado, mas ainda 3,6% mais que a estimativa para o ciclo anterior.

“O clima ainda é um fator que pode influenciar neste resultado, principalmente quando ocorrem os estágios de floração e enchimento dos grãos. Os técnicos da Companhia continuarão acompanhando o desenvolvimento das lavouras a fim de verificar os impactos das condições climáticas no desempenho final”, alerta a Conab.

Panorama semelhante é encontrado para o cultivo de milho de primeira safra. Os extremos climáticos continuam a ocorrer nas regiões produtoras, atrasando o plantio do cereal. Neste primeiro ciclo de cultivo do grão, é projetada uma produção de 25,3 milhões de toneladas – queda de 7,5% em relação à safra anterior, mas em linha como projetado em novembro.

Sobre o cultivo de milho de inverno, a Conab preferiu manter o número em 91,2 milhões de toneladas para aguardar informações sobre o possível atraso na semeadura.

A produção total de milho foi calculada em 118,53 milhões de toneladas, 10,2% menos que no ciclo passado e 1 milhão de toneladas menos que o previsto em novembro.

As previsões para produtos importantes para o abastecimento interno, como arroz e feijão, não sofreram alteração. A Conab projeta 10,8 milhões de toneladas de arroz para 2023/24, 7,5% mais que o colhido no ciclo passado.

“O melhor resultado é influenciado pela maior área destinada ao produto bem como uma recuperação na produtividade. Ainda assim, o desenvolvimento da cultura, em especial no Rio Grande do Sul, principal estado produtor, tem sido afetado pelas condições climáticas adversas. O excesso de chuvas tem gerado uma umidade excessiva no solo, o que impede a conclusão da semeadura e dificulta os tratos culturais”, afirma a autarquia.

No caso do feijão, a expectativa é de um crescimento de 0,8% na produção, com 3,1 milhões de toneladas nas três safras da leguminosa.

Sobre as culturas de inverno, a Conab divulga os números referentes à última colheita. Para o trigo, a estimativa passou de 9,6 milhões para 8,1 milhões de toneladas.

“As chuvas volumosas, ventanias, granizo, enchentes, muita nebulosidade e poucos dias com sol dificultaram a conclusão da colheita de trigo no Rio Grande do Sul”, afirma a Conab.

Fonte: Globo Rural
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