‘Exportar carne suína para os EUA é um bom aval para negociar com outros mercados’, diz Rui Vargas

“O volume é modesto, mas nossa meta é entrar gradualmente e consolidar no mercado norte-americano”, ressalta. “Ter os EUA como cliente das exportações de carne suína do Brasil é um diferencial no mercado internacional e um reconhecimento ao nosso produto. Os norte-americanos são muito exigentes quanto à qualidade e aos cuidados sanitários, portanto, o fato de exportarmos para lá é também um bom aval para negociações em outros mercados”, afirma Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de Suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
Rui Eduardo Saldanha Vargas, da ABPA: “Os EUA são muito exigentes quanto à qualidade e aos cuidados sanitários. O fato de exportarmos para lá é também um bom aval para negociações em outros mercados.” Foto: Edi Pereira Maio

 

A suinocultura brasileira tem motivo de sobra para comemorar este ano, afinal, foram várias conquistas que culminaram, neste mês de novembro, na reabertura das exportações para a África do Sul e no primeiro embarque de carne suína para os Estados Unidos.

Os norte-americanos são os maiores exportadores mundiais do produto e o terceiro maior produtor global, além de ter um dos mercados mais rígidos em relação às barreiras sanitárias para importações de produtos alimentícios.

A Coopercentral Aurora Alimentos foi a primeira empresa brasileira a exportar carne suína para os EUA. Para que isto ocorresse, as negociações duraram cerca de dois anos, período em que foram realizadas missões vindas daquele país para o Brasil, com o objetivo de verificar a qualidade e a segurança da carne suína nacional.

Atualmente, duas plantas do produto estão habilitadas para exportação, ambas de Santa Catarina: a Aurora, de Chapecó (SIF 3548), e a BRF, de Herval do Oeste (SIF 140). A primeira foi habilitada em setembro de 2012 para exportar para o mercado norte-americano, mas o Certificado Sanitário Internacional só foi publicado em agosto do ano passado e os registros dos produtos cárneos foram deferidos em 12 de setembro de 2014.

O primeiro embarque, de 25 toneladas, foi realizado pelo porto de Itajaí, em Santa Catarina, no dia 20 de novembro, em contêiner do navio Monte Tamaro para o Porto de Everglades, onde o produto será processado e distribuído no estado da Flórida (EUA).

“O volume é modesto, mas nossa meta é entrar gradualmente e consolidar no mercado norte-americano”, ressalta. “Ter os EUA como cliente das exportações de carne suína do Brasil é um diferencial no mercado internacional e um reconhecimento ao nosso produto. Os norte-americanos são muito exigentes quanto à qualidade e aos cuidados sanitários. Por isso, exportar carne suína para os EUA é um bom aval para negociar com outros mercados”, diz Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de Suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“O fato de a Coopercentral Aurora Alimentos ser a primeira empresa brasileira a exportar carne suína para os Estados Unidos se reveste de um caráter muito especial. Mais importante que o resultado econômico-financeiro da operação é o aspecto institucional e mercadológico da aprovação do nosso produto pelo maior mercado do planeta”, afirma Mário Lanznaster, presidente da Cooperativa Central Aurora.

“Passamos pela prova do Japão e, agora, dos EUA. Isto significa que a nossa suinocultura é a melhor do mundo. Se algum mercado externo tinha resistência à nossa carne suína, não terá mais”, garante.

Segundo Lanznaster, há uma oportunidade para produtos com osso, especialmente costelinha, costela e carré, apesar das rigorosas exigências sanitárias e do país ser grande produtor de carne suína.

O mercado norte-americano é um grande consumidor de carne suína com osso, em especial costela e carré, itens que a Aurora está exportando nesta primeira fase. O embarque do segundo contêiner está previsto para dezembro, no total de 25 toneladas, que inclui copa, costela, carré, costelinha e ponta de costela (cortes com osso).

Mário Lanznaster, da Cooperativa Central Aurora: “Passamos pela prova do Japão e, agora, dos EUA. Isso significa que a nossa suinocultura é a melhor do mundo”. Crédito: Divulgação
Mário Lanznaster, da Cooperativa Central Aurora: “Passamos pela prova do Japão e, agora, dos EUA. Isso significa que a nossa suinocultura é a melhor do mundo”. Crédito: Divulgação

 

MERCADO AFRICANO

No último dia 4 de novembro, a África do Sul reabriu seu mercado para as exportações brasileiras de carne suína. O país estava fechado para a importação de produtos suinícolas brasileiros desde 2005, quando ocorreram focos de febre aftosa em bovinos nos Estados de Paraná e Mato Grosso do Sul.

“Temos boas expectativas quando à retomada dos embarques para a África do Sul. Com isso, esperamos impactos positivos no saldo geral dos embarques do setor em 2015”, prevê Rui Vargas, da ABPA.

Outra boa notícia do ano foi a suspensão, por parte da Rússia, das importações de alimentos da Europa e dos EUA, o que abriu a perspectiva de o Brasil tornar o principal fornecedor de carnes para os russos. Desde então, os embarques de suínos têm aumentado consideravelmente. Atualmente, o Brasil tem 12 frigoríficos de suínos com aval para negociar com a Rússia.

Na avaliação de Vargas, 2014 foi o ano bastante positivo para o setor. “O aquecimento das exportações para o mercado russo foi um fator fundamental para a positividade do ano. Com a intensificação do comércio interno de carne suína e a demanda extremamente elevada do mercado externo, configurou-se um ano bastante satisfatório para a cadeia produtiva”, comenta.

“Para 2015, esperamos que não ocorra o aumento de abate de suínos e, consequentemente, uma maior produção de carne, o que vislumbra a repetição do cenário de 2014”, diz o vice-presidente de Suínos da ABPA.

No ano passado, o Brasil produziu 3,52 milhões de toneladas de carne suína. Neste ano, a produção já alcança 3,55 milhões de toneladas. Em 2013, foi exportado US$ 1,35 bilhão referente a 513 mil toneladas. Até outubro de 2014, os embarques de 410 mil toneladas renderam US$ 1,33 bilhão.

Por equipe SNA/SP

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