Indústrias de carne suína do Brasil pretendem abrir importantes mercados compradores como Japão e Coréia do Sul para o produto de Estados brasileiros com um status sanitário não tão bom quanto o de Santa Catarina, que não consegue atender sozinho todas as demandas de importadores mais exigentes.
Grandes importadores globais, que incluem também Chile, Estados Unidos, Canadá e México, têm regras que permitem a compra de carne suína apenas de regiões livres de febre aftosa em bovinos sem vacinação, um certificado que apenas Santa Catarina tem.
A idéia é mostrar para os compradores externos que há risco quase inexistente em comprar carne suína do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, que compõem a liderança na produção brasileira, mas que estão livres de aftosa por meio de vacinação.
A febre aftosa é uma doença que surge principalmente em bovinos, mas que pode ser transmitida também para suínos.
“Nossa avaliação de biossegurança vai mostrar que o risco de criar um suíno perto de um bovino vacinado, de exportar essa carne suína, é praticamente inexistente”, disse nesta quarta-feira o vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rui Vargas.
Os estudos de risco serão concluídos pela ABPA em 2016 e depois disso os compradores serão chamados para negociar a ampliação das compras.
“Existe hoje uma ferramenta, aprovada inclusive na OIE (Organização Mundial da Saúde Animal), que é a aprovação de importações com base no risco”, disse Vargas.
Segundo ele, a velocidade do relaxamento das regras de importação vai depender do interesse dos compradores, o que pode ocorrer “em dois meses ou levar dois anos”.
Vargas citou o caso dos Estados Unidos, que manifestaram interesse em comprar bons volumes de costela suína no fim de 2014, mas sem oferta suficiente dentro do Brasil para atender a demanda.
“Às vezes nos falta volume de produção para exportar para alguns destinos”, afirmou o executivo, lembrando que Santa Catarina representa apenas 26% da produção brasileira de suínos.
Exportações
A ABPA estimou nesta quarta-feira que a produção e as exportações de carne suína do Brasil em 2016 deverão crescer entre 2% e 3% em relação a 2015.
O setor fechará este ano com uma produção de 3.6 milhões de toneladas, um aumento de 4,9% em relação a 2014.
Já os embarques de carne suína em 2015 são estimados em 550.000 toneladas, aumento de 8,9% em relação ao ano passado.
“Nosso maior importador (em 2015) foi a Rússia, que aumentou ainda mais as compras”, destacou Vargas.
Fonte: Reuters