Exportações do setor de florestas plantadas rendem US$ 7,4 bi

Setor de florestas plantadas fechou 2015 com aumento nas exportações de celulose, painéis de madeira e papel. Foto: Divulgação
Setor de florestas plantadas fechou 2015 com aumento nas exportações de celulose, painéis de madeira e papel. Foto: Divulgação

Mesmo com a crise da economia brasileira, o setor de florestas plantadas teve um bom desempenho em 2015, favorecido pela desvalorização do real frente ao dólar, e fechou 2015 com aumento nas exportações de celulose, painéis de madeira e papel. A receita das vendas externas totalizou US$ 7,8 bilhões, ante US$ 7,4 bilhões, um crescimento de 6,1% em relação ao ano anterior. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o saldo da balança comercial do setor foi de US$ 6,5 bilhões, o que representa um crescimento de 17,3% em relação ao 2014.

Os embarques de celulose somaram 11,5 milhões de toneladas, ante 10,6 milhões de toneladas, em 2014, um aumento de 8,6%. No acumulado de janeiro a dezembro, as vendas externas de painéis de madeira totalizaram 641 mil m³ e as exportações de papel atingiram 2,1 milhões de toneladas, aumento de 52,3% e 11,5%, respectivamente, em relação ao ciclo anterior. De acordo com a IBÁ, a Europa continuou como principal mercado da celulose brasileira e respondeu por 38,5% da receita, seguida pela China (33,2%) e América do Norte (17,6%).

No ano passado, a produção de celulose alcançou 17,2 milhões de toneladas, aumento de 4,5%, na mesma análise. Já a produção de papel, se manteve praticamente estável, somando 10,3 milhões de toneladas.  Por sua vez, as vendas domésticas de papel, somaram 5,5 milhões de toneladas, queda de 4,6%, enquanto as vendas de painéis de madeira totalizaram 6,4 milhões de m³, retração de 11,3% na mesma comparação.

 

“Em 2016, o mercado continuará enfrentando os mesmos desafios do ano passado. As previsões devem ser cautelosas”, afirma Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva IBÁ. “Será um ano austero”, resume. Foto: Divulgação
“Em 2016, o mercado continuará enfrentando os mesmos desafios do ano passado. As previsões devem ser cautelosas. Será um ano austero”, afirma Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva IBÁ. Foto: Divulgação

EXPECTATIVA

“Em  2016, o mercado continuará enfrentando os mesmos desafios do ano passado. As previsões devem ser cautelosas”, afirma Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva IBÁ. “Será um ano austero”, resume.

Segundo Carlos Farinha, vice-presidente da Poyry, empresa que atua no segmento de celulose, a expectativa do mercado de produtos florestais, para 2016, vai depender do desenrolar da crise. Ele acrescenta que setor de papel é dependente do mercado interno e exporta pouco, enquanto 90% do setor de celulose depende do mercado externo.

Farinha deixa um recado para as empresas: “No âmbito externo, como não sabemos como vai ficar a situação econômica da China e, embora acreditamos que não deve haver uma mudança muito drástica, as novas expansões no Brasil devem ser feitas de forma bem planejada, para não haver super capacidade momentânea que venha causar grande impacto no mercado.”

Na opinião de Farinha, dólar valorizado e custo competitivo são fatores positivos para o setor, o que abre uma janela de oportunidades para o Brasil. “As companhias que apresentarão melhor desempenho são as que têm capacidade de exportação”, prevê.

 

PROGRESSO

Segundo o IBÁ, com uma área ocupada por 7,74 milhões de hectares, o equivalente a 0,9% do território nacional, o setor de árvores plantadas responde por 91% da madeira produzida para fins industriais no Brasil. Apenas 9% são provenientes de florestas nativas legalmente manejadas. A madeira destina-se, principalmente, à produção de celulose, papéis, painéis de madeira, móveis, carvão vegetal e outras biomassas para fins energéticos.

O plantio de eucalipto ocupa 5,56 milhões de hectares, o equivalente a 71,9% do total, e está concentrado nos Estados de Minas Gerais (25,2%), São Paulo (17,6%) e Mato Grosso do Sul (14,5%). Já o cultivo de pinus, totaliza 1,59 milhão de hectares e está, principalmente, no Paraná (42,4%) e em Santa Catarina (34,1%).

Dos 7,74 milhões de hectares de árvores plantadas, 63% são certificados por organizações como o Programme for the Endorsement of Forest Certification Schemes (PEFC), que é representado no Brasil pelo Programa Nacional de Certificação Florestal (Cerflor), e o Forest Stewardship Council (FSC).

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os produtos florestais ocupam a terceira posição na classificação do valor das exportações do agronegócio nacional, uma lista liderada pelo complexo soja, seguida por carnes. Projeções do Mapa indicam que, nos próximos dez anos, a produção brasileira de papel deve crescer 22,1% e a de celulose em 31,6%.

 

ESTOQUE DE CARBONO

Além de sua relevância econômica, o setor brasileiro de florestas também tem importante papel no combate às mudanças climáticas, ao formar e manter estoques de carbono das árvores plantadas e nativas conservadas pelas principais empresas da cadeia produtiva.

Para se ter uma ideia, a indústria de árvores plantadas no Brasil responde pelo estoque de 1,67 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (medida que compara as emissões de vários gases de efeito estufa, baseada no potencial de aquecimento global de cada um).

De cada hectare cultivado pelas empresas produtoras de árvores plantadas para fins industriais, 0,65 hectare é destinado à preservação. Além do carbono das árvores plantadas, o setor estoca cerca de 2,40 bilhões de toneladas de CO2 em Áreas de Preservação Permanente (APPs), áreas de Reserva Legal (RL) e em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).

A presidente da IBÁ destaca a importância de preparar uma transição para uma economia de baixo carbono. “Esta é uma obrigação do Estado e deve estar alinhada com boas políticas públicas”, enfatiza.

 

Por equipe SNA/RJ

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