As exportações de milho do Brasil para a China em fevereiro totalizaram apenas 70.000 toneladas, praticamente o equivalente a um navio Panamax, com os embarques de grãos mais centrados na safra nova de soja, segundo dados divulgados pelo sistema de estatísticas do governo brasileiro com detalhes por destino.
O volume representa uma queda acentuada na comparação com janeiro, quando as exportações para a China somaram 983.700 toneladas de milho, de um total exportado pelo Brasil de 6.17 milhões de toneladas no primeiro mês do ano.
Em fevereiro, os embarques totais do Brasil também recuaram mais de 60% em relação a janeiro, para cerca de 2.275 milhões de toneladas, em um momento em que as exportações de soja costumam assumir o protagonismo nos portos, com a chegada da nova safra ao mercado.
“Fevereiro não é tradicionalmente um mês de exportação do milho do Brasil. Agora, o Brasil somente aumentará os embarques (do cereal) a partir de julho”, disse o analista de milho da consultoria Safras & Mercado, Paulo Molinari, em referência ao momento da exportação de soja no primeiro semestre. “A partir daí (do segundo semestre), veremos se a China precisará de volumes de milho”.
Liderança
Em fevereiro, a China perdeu a liderança das importações de milho do Brasil, verificada em janeiro e também em dezembro, quando comprou mais de 1 milhão de toneladas, após a liberação de embarques ao país asiático em novembro, com um novo protocolo que reduziu burocracias.
Dessa forma, tradicionais importadores do milho brasileiro voltaram e ter relevância em fevereiro, com o Japão liderando com 542.000 toneladas, além da Coreia do Sul (276.200 toneladas), Vietnã (133.800 toneladas), Irã (105.000 toneladas) e outros.
Segundo avaliação do presidente da exportadora AgriBrasil, Frederico Humberg, os chineses também compraram “muito” dos Estados Unidos, o que ajuda a explicar o menor apetite pelo cereal brasileiro na importação de fevereiro. Além disso, ele citou o fluxo da Ucrânia, “que vai e volta”. “Sempre o mais barato, mas sem garantia de embarque.”
Logística
Humberg também indicou as dificuldades logísticas do Brasil para exportar milho e soja, com uma safra recorde da oleaginosa sendo retirada dos campos. “O enorme volume de soja encavalou na logística junto ao milho que vinha sendo exportado. E com isso os portos têm 30 a 40 dias de filas de espera de navios”, disse.
Exportações
As exportações de soja do Brasil em fevereiro totalizaram 5.2 milhões de toneladas, com a China respondendo por 3.59 milhões de toneladas.
Com atraso na colheita, o embarque total da oleaginosa brasileira caiu cerca de 1 milhão de toneladas em relação ao mesmo mês do ano passado. Fevereiro marca o início dos maiores volumes da exportação da nova colheita de soja.