Diante do atual cenário do setor leiteiro no Brasil, com o aumento dos preços dos insumos e a redução da atividade produtiva, o setor precisa viabilizar, com prioridade, processos sustentáveis e competitivos de exportação, para que a produção interna não fique limitada ao consumo dos brasileiros.
A constatação é do diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Alberto Figueiredo. Segundo ele, até meados de 2020, a relação de troca entre o leite vendido pelo produtor e os alimentos utilizados para a alimentação dos rebanhos era equilibrada, permitindo que muitos produtores não se importassem com o controle de valores tanto na receita quanto nas despesas.
“O incremento vertiginoso do valor dos insumos utilizados na alimentação suplementar do rebanho leiteiro, provocou, desde meados de 2020 até o momento, um forte desequilíbrio entre receita e despesa, fato que ocasionou, para um elevado contingente de produtores, um grande prejuízo, fazendo com que muitos deles desistissem da atividade. Todos esses fatores resultaram na redução da produção”, explicou Figueiredo.
Outras metas
Além de defender a exportação do leite, o diretor da SNA disse que, no âmbito da organização da cadeia produtiva, “produtores e indústrias precisam entender que são interdependentes e, portanto, têm necessidade de estabelecer uma relação comercial mais estável e de maior confiança”.
Já no campo da produção, acrescentou Figueiredo, “os produtores precisam ampliar o domínio sobre as tecnologias disponíveis, ampliadas constantemente por novas pesquisas, visando, principalmente, a atingir níveis ótimos de produtividade, tanto por vaca, quanto por área ocupada, com os custos compatíveis com os valores possíveis de comercialização”.
Por fim, o diretor da SNA chamou a atenção para a importância da especialização “necessária e urgente” dos produtores, “distinguindo os dedicados à produção de leite dos criadores de matrizes de reposição”.
“O futuro da atividade dependerá da correta conjugação desses fatores, tornando viável e competitiva a cadeia produtiva do leite, tanto para o mercado interno, quanto para o de exportação”, concluiu Figueiredo.
Evolução
Em recente artigo, Paulo Martins, pesquisador da Embrapa, destacou que, nas últimas cinco décadas, o setor de leite e derivados no Brasil evoluiu de uma produção de cerca de 7 bilhões de litros de leite/ano em 1972, para cerca de 36 bilhões/ano nos dias de hoje. “São cinco vezes mais, enquanto a população dobrou, saindo de 100 milhões para 211 milhões, aumentando significativamente a disponibilidade de leite para cada brasileiro”, disse.
Em 2020, segundo o presidente da Abraleite, Geraldo Borges, o setor atingiu a maior produção na série histórica, com 35.4 bilhões de litros de leite em um único ano. “O montante representou um avanço de 1,5% ante os 34.9 bilhões de litros produzidos em 2019, no qual a produção havia crescido 2,98%.”
Fontes: Embrapa/Abraleite
Equipe SNA
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