Setembro começou com altas dos preços dos fretes para o escoamento de grãos nas principais rotas usadas pelos produtores e tradings que atuam no país. Isso por causa do avanço das exportações do milho colhido na segunda safra do ciclo 2019/20, que são bastante concentradas neste mês e voltarão a ser volumosas, embora devam ficar abaixo do patamar recorde de 2019.
Mas, segundo Abner Matheus João, pesquisador da EsalqLog – Grupo de Extensão em Logística da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), apesar do aumento, os valores cobrados para o transporte não deverão atingir os patamares de janeiro e fevereiro, quando a safra recorde de soja estava sendo escoada. Também não deverão sofrer influência relevante da retomada das atividades em alguns setores, com o afrouxamento do isolamento social.
Matheus estima que o valor médio cobrado na rota entre o município matogrossense de Sorriso e o terminal ferroviário de Rondonópolis, no mesmo estado, deverá atingir R$ 115,10 a tonelada em setembro, em comparação aos R$ 104,71 no mesmo mês de 2019 e abaixo do pico de R$ 120,54 observado em janeiro. O pesquisador disse que, depois de setembro, época em que estará sendo movimentada a próxima safra de verão (2020/21), “veremos queda nesses valores até fevereiro”.
Preços baixos
No Arco Norte, a tendência é que os preços fiquem mais baixos que no ano passado, mesmo com o aumento do transporte de milho neste mês. “A conclusão do asfaltamento da BR-163 reduziu os custos de manutenção dos caminhões e diminuiu o tempo de viagem. Assim, os fretes caíram”, afirmou Matheus João. A pavimentação foi concluída no fim de 2019.
Dessa forma, a previsão da EsalqLog é que o preço médio para o transporte de grãos entre Sorriso e Itaituba, onde fica o porto fluvial paraense de Miritituba, alcance em setembro R$ 180,35 a tonelada, em média, 15,2% menos que no mesmo mês do ano passado. Nessa rota, o pico registrado neste ano foi em abril – R$ 190,95 a tonelada. “Para usar uma expressão da moda, digo que o ‘novo normal’ é que o patamar de preços continue bem mais baixo no Arco Norte”, disse Matheus.
No que diz respeito ao transporte no Paraná, a média de preços prevista pela EsalqLog para setembro na rota principal – de Cascavel ao porto de Paranaguá – é de R$ 112,25 a tonelada, com tendência de queda nos próximos meses. Esse valor é 20,1% superior ao praticado em setembro de 2019, uma vez que a colheita de milho no estado cresceu e ficou próxima da de Mato Grosso.
Mesmo nível
“A concorrência por caminhões aumenta e o valor sobe”, explicou o pesquisador. O pico deste ano nas estradas paranaenses foi em março. Com a colheita mais tardia de soja, o valor chegou a R$ 129,60 a tonelada, em média.
No caso do transporte de fertilizantes, o teto de 2020 deverá ser alcançado neste mês, com o incremento das importações, já visando à próxima safra de verão. Mas os valores médios deverão ficar nos mesmos níveis do ano passado.
“A grande expectativa com a nova safra, diante de bons preços e de produtores capitalizados pelos resultados da colheita passada, deverá gerar um aumento do fluxo nos principais trajetos de transporte. Mas isso também aconteceu na última safra, de modo que a movimentação será a mesma”, afirmou Matheus.
Entre o porto de Paranaguá e Sorriso, a previsão é que o preço médio em setembro para o transporte de fertilizantes fique em R$ 178,98 a tonelada, o mesmo do ano passado. Entre Rondonópolis e Sorriso, a expectativa é que o valor médio alcance R$ 86,53, em relação aos R$ 90,35 em setembro de 2019.
Carga pesada
As exportações brasileiras de soja deverão alcançar 4,2 milhões de toneladas em setembro, volume 11,4% inferior ao embarcado no mesmo mês de 2019 (4,7 milhões), estimou a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) em relatório semanal publicado na terça-feira. Se a estimativa se confirmar, o volume acumulado no ano alcançará 79,6 milhões de toneladas, acima das 72,54 milhões calculadas pela entidade para 2019.
Para os embarques de milho em grão, a estimativa da Anec é que o volume alcance 4,7 milhões de toneladas em setembro, 17,5% menos que no mesmo mês de 2019 (5,7 milhões). Se a projeção se confirmar, as exportações chegarão a 19,1 milhões de toneladas no acumulado do ano.
Para o farelo de soja, a associação projeta que as exportações alcançarão 1,44 milhões de toneladas neste mês, acima das 1,36 milhão de setembro do ano passado. Dessa forma, os embarques chegarão a 13 milhões de toneladas no acumulado do ano.
Fonte: Valor Econômico
Equipe SNA