As exportações de milho crescem rapidamente e se aproximam de 8 milhões de toneladas no acumulado deste ano. Ainda somam volume um terço menor que o registrado um ano atrás, mas devem alcançar o ritmo de agosto de 2013 nos próximos dias, mostram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Dois leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um realizado dia 20 e outro previsto para quinta-feira (28), garantem preço mínimo a 2,8 milhões de toneladas. Com esse impulso ao escoamento do Centro-Oeste e do Nordeste, os embarques do cereal devem ultrapassar os de soja, atingindo 3 milhões de toneladas em setembro. No entanto, o país terá de manter essa média até dezembro para cumprir a meta de esportar 21 milhões de t em 2014.
O ritmo das exportações tem crescido particularmente em Paranaguá, devido ao prêmio relacionado à redução no tempo de embarque. Em época de preço baixo, essa vantagem determina a escolha do terminal, avalia o superintendente do porto paranaense, Luiz Henrique Dividino.
O Porto de Paranaguá prevê queda nas exportações do cereal em âmbito nacional. Espera atrair mais navios para garantir aumento na movimentação de granéis – prometida pelos embarques de soja, 20% acima dos de 2013.
“Com os leilões do governo, deve haver reação no preço. O milho ainda vai sair neste ano”, aponta Dividino. Porém, o novo ritmo dos embarques não deve recuperar o déficit em relação a 2013 tão cedo, aponta. “Existe tendência de as exportações seguirem mais lentas.” Dependendo das cotações internacionais, determinadas pela colheita norte-americana, o escoamento da produção de inverno vai “encavalar um pouco com a safra de soja que será colhida a partir de janeiro”, acrescenta.
Só Mato Grosso — que vem escoando cerca de 90% do milho por Paranaguá — tem 9 milhões de t para exportar. O estado quer bateria de um leilão público por semana, diz o gerente de Política Agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Frederico Azevedo. “Não queremos ir além de outubro para equilibrar os preços.”
A Aprosoja pede reajuste no preço mínimo de Mato Grosso (R$ 13,56 por saca) em plena temporada de leilões. A alegação é que os custos chegam a R$ 17/sc. O Ministério da Agricultura acena possibilidade de chegar a R$ 14,50/sc, o que elevaria os prêmios dos leilões.
Os prêmios — de até R$ 2,50 por saca, dependendo da região do estado — acabam funcionando como teto para reajustes no mercado interno, avalia o diretor administrativo e financeiro da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Nelson Piccoli.
Segundo ele, haverá medição de forças entre produtor e indústria após os leilões, o que pode tornar o escoamento mais lento nos últimos meses do ano. Apesar da tradicional falta de armazéns, “o produtor está relativamente capitalizado e o mercado terá de pagar um preço aceitável”, considera.
12 milhões de toneladas terão de ser exportadas em quatro meses, num ritmo três vezes mais forte que o registrado desde janeiro, para que o Brasil atinja a meta de exportar 21 milhões de t de milho em 2014. Portos informam que capacidade de embarque não é problema.
5 milhões de toneladas a menos devem ser exportadas pelo Brasil neste ano na comparação com o recorde de 2012. No ano passado, a previsão inicial era de 15 milhões e o volume chegou a 22 milhões. O país ajudou a recuperar estoques globais, defasados pela seca registrada há duas safras nos Estados Unidos.
10 milhões de toneladas de milho devem ser vendidas com apoio do governo nos próximos meses. Parte será remetida ao mercado externo, aliviando os estoques nacionais. Cotações internas tendem a alcançar preços mínimos até outubro em Mato Grosso.
Fonte: Canal do Produtor