Exportação de café do Brasil tem segundo maior volume anual apesar de pandemia

A exportação total de café do Brasil (verde e industrializado) em 2019/20 totalizou 39.9 milhões de sacas de 60 kg. Houve queda de 3,60% em relação ao ciclo anterior, que refletiu uma safra menor colhida no ano passado, informou o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes.

Segundo ele, a pandemia da Covid-19 não teve impacto material nos embarques do maior produtor e exportador global de café.

“Tivemos um semestre muito bom, com muita eficiência, bons resultados e dentro da quantidade de café que era possível embarcar para o mercado internacional”, declarou Carvalhaes em entrevista a jornalistas, por meio de videoconferência.

Apesar do recuo anual, o resultado representa o segundo maior volume embarcado em uma safra da história, atrás apenas da temporada 2018/19, que atingiu 41.4 milhões de sacas, segundo dados do Cecafé.

Carvalhaes lembrou que o ano passado foi um período de baixa no ciclo bianual da produção de café arábica, o que impediu maiores embarques na temporada 2019/20, em função de estoque reduzidos.

Segundo o executivo, após o Brasil ter sido “muito agressivo” na exportação em 2018/19, “fez um esforço terrível” para manter seus embarques, em função da baixa disponibilidade. “Praticamente exaurimos os estoques de arábica (em 2019/20)”, disse ele, ao explicar o desempenho da exportação no ano-safra.

Cenário atual

A exportação de café arábica do Brasil em junho somou 1.85 milhão de sacas, com queda de 21,30% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Cecafé, enquanto na safra atingiu totalizou 35.9 milhões de sacas, com baixa de 4% na comparação anual.

“A exportação foi um pouco menor mais em função da oferta de café”, afirmou Carvalhaes. Para ele, a pandemia não afetou a demanda de forma expressiva, embora tenha exigido maiores cuidados, desde a colheita até a exportação. O dirigente evitou fazer estimativas para o novo ano safra, de julho a junho.

No entanto, ele afirmou acreditar que, diante de uma grande safra que está sendo colhida neste ano de alta do arábica, o país deverá ter embarques volumosos, principalmente a partir de agosto e setembro, quando o produto da nova safra já estará pronto para embarque.

“Vejo toda a chance de concluir 2020 igual ou até melhor (na exportação de café). Vejo possibilidade. O Brasil fez boas vendas (antecipadas) para o segundo semestre”, destacou o presidente da Cecafé.

Consumo

Segundo ele, o consumo de café em casa teve incremento “fantástico” em tempos de Covid-19, compensando a redução de demanda por hotéis, cafeterias e restaurantes. “Acho que um vai compensar o outro, e com a abertura paulatina poderá recuperar uma parte do mercado de hotéis, restaurantes e cafeterias”, disse.

Na avaliação de Carvalhaes, o consumo mundial de café deverá ficar estável em 2020, “até com possível crescimento”, mas ele ponderou que é prematuro falar em números neste momento.

“No meio de um problema muito sério (pandemia), tudo indica que, pelo que os países estão exportando, acho que este ano o consumo deve ser mantido e deve haver até um possível crescimento.”

Em meio à baixa oferta de arábica, o destaque na exportação de café na temporada 2019/20 foi a variedade robusta, cujos embarques aumentaram quase 23% para 4.4 milhões de sacas no ano completo, segundo os dados do Cecafé.

 

Reuters

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