Exportação brasileira de soja será aquecida no primeiro semestre e impacto do acordo EUA-China fica para 2021

O Brasil ainda deve registrar exportações expressivas de soja na primeira metade de 2020, mas o ritmo de embarques tende a cair a partir de julho, segundo a consultoria INTL FCStone.

“Assumindo-se que a China deve importar o mesmo volume de soja de 2019, ao redor de 88 milhões de toneladas, ou um pouco mais, o país vai encontrar um mercado com oferta ampla, o que tende a resultar em volumes de exportação mais baixos para o Brasil, mais próximos do que era registrado antes da guerra comercial (com os Estados Unidos)”, disse a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi, em estudo sobre o impacto do acordo comercial sino-americano para as principais culturas agrícolas.

A consultoria lembra que em 2017 o Brasil exportou 53,8 milhões de toneladas de soja para a China. Um ano depois o volume aumentou para 65.8 milhões e, em 2019, totalizou 57.9 milhões de toneladas.

Segundo Ana Luiza, os impactos maiores sobre as exportações brasileiras devem ocorrer em 2021, já considerando a safra 2020/21. “Com essa primeira fase do acordo, a China tenderia a buscar soja nos EUA logo após sua colheita, no último trimestre do ano”.

Para os cereais, a importação chinesa deve continuar limitada após o acordo, na avaliação da FCStone. A consultoria destacou que, diante da preocupação com a oferta de milho, a China suspendeu a entrada em vigor da mistura de 10% de etanol na gasolina prevista para 2020, e que essa medida deve frear o potencial crescimento das importações de milho, apesar do consumo interno alto.

“Além de faltarem detalhes de volumes e de quais produtos a China vai comprar com o objetivo de cumprir o acordo, foi anunciado, no começo de janeiro, que o país asiático não tinha a intenção de elevar sua cota anual de importações, que contam com tarifas reduzidas de 1%, com o objetivo de cumprir o acordo com os EUA”, afirmou Ana Luiza.

Segundo ela, a cota chinesa para importação de milho é de 7.2 milhões de toneladas, e a do trigo, de 9.64 milhões de toneladas. As importações anuais nos dois casos têm ficado abaixo desse nível.

No setor de adubos, a FCStone apontou que nos EUA o plantio em 2020/21 deve dar prioridade ao milho, que apresenta potencial de escoamento mais favorável no curto prazo, em virtude da demanda para biocombustíveis e alimentação animal, pelo menos se as exportações de soja não reagirem em breve.

Com esse cenário, é esperada uma aplicação maior de nitrogenados e potássicos nos EUA, dada a necessidade de suprimento desses nutrientes nos milharais, enquanto os fosfatados tenderiam a ficar em segundo plano.

“As expectativas para a adubação de pré-plantio e a de semeadura guiam o mercado internacional de ureia, DAP e KCl nos primeiros trimestres do ano, período no qual os agricultores norte-americanos tomam decisão de área plantada, e, posteriormente, realizam o plantio de seus acres”, disse a analista da FCStone Gabriela Fontanari.

Quanto ao algodão, com a assinatura da Fase 1 do acordo EUA-China, há expectativa de uma volta das exportações norte-americanas para o país asiático a um nível próximo do observado antes do início da guerra comercial, segundo a FCStone.

Para Fontanari, adversidades na safra australiana e a dificuldade da China em adquirir algodão da região de Xinjiang podem fazer com que o país asiático recorra à fibra dos EUA. A analista ponderou, entretanto, que o fortalecimento da relação comercial entre China e Brasil e a previsão de mais uma safra ampla no País podem dificultar esse movimento.

De acordo com a analista da FCStone, os EUA reduziram sua participação no mercado chinês de algodão, de 31% na safra 2017/18 para 21% na safra seguinte.

“Tal recuo abriu espaço para que outros exportadores da pluma aumentassem sua participação no mercado chinês, como foi o caso do Brasil”, afirmou Fontanari. O País elevou sua participação no mercado chinês em 20% para 27% em 2018/19, segundo a consultoria.

 

Broadcast Agro

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