Expectativas do mercado de soja na primeira semana de abril

Em seis das oito praças acompanhas pela Safras & Mercado, o preço da soja caiu R$ 0,50 no último fechamento de março. Segundo a consultoria, praticamente não houve negócios nesta sexta-feira, dia 29. “A Bolsa de Chicago registrou perdas e o dólar fechou estável”, informou a consultoria.

Mas abril está à porta e o produtor precisa ficar atento. Para ajudá-lo, o analista Luiz Fernando Roque separou dicas do que pode mexer com as cotações da oleaginosa na primeira semana do mês.

China X EUA

A atenção do mercado permanece voltada para novidades relacionadas à guerra comercial entre Estados Unidos e China. A última rodada de negociações entre representantes das duas potências econômicas, que ocorreu em Pequim nos dias 28 e 29, não trouxe grandes novidades.

O secretário do Tesouro norte-americano apenas indicou que as conversas foram “construtivas”. As negociações devem continuar em solo americano na próxima semana.

O mercado espera por maiores sinalizações de que um acordo está próximo de ser fechado. Sem isso ou novos fatos, a Bolsa de Chicago deve continuar pressionada.

USDA

O mercado também deve continuar digerindo a primeira estimativa de intenção de plantio para a nova safra dos EUA e o número de estoques trimestrais norte-americanos.

O USDA surpreendeu o mercado ao trazer um corte acima do esperado para o tamanho da área a ser semeada com soja em 2019, em relatório publicado nesta sexta-feira, dia 29.

Apesar da redução, que é um fator positivo para Chicago, o mercado sentiu o peso dos maiores estoques norte-americanos de soja da história na posição de 1º de março, fruto da falta de demanda chinesa pelo produto dos EUA.

“Isso traz grande peso sobre Chicago, impedindo a retomada de patamares mais distantes de US$ 9,00 no curto-prazo”, ressaltou o analista Luiz Fernando Roque.

Demanda chinesa

O mercado espera que novas vendas de soja dos EUA para a China sejam anunciadas oficialmente na próxima semana, confirmando boatos de bastidores de que estatais chinesas voltaram à ativa nos portos norte-americanos. “Havendo confirmação, Chicago pode esboçar uma reação, mesmo que pontual”, disse Roque.

Após perder o suporte de US$ 9,00 na posição maio de 2019, o principal desafio para Chicago é a retomada deste patamar, segundo o analista. “As perdas recentes abrem espaço para correções técnicas positivas, mas os fatores fundamentais devem continuar trazendo pressão para os contratos futuros. Para baixo, suporte em US$ 8,75”.

Colheita da soja ganha ritmo e alcança 75% da área no Brasil

A colheita da safra 2018/19 de soja chegou na última quinta-feira, dia 28, a 75% da área no Brasil, segundo o levantamento da consultoria AgRural. O número representa avanço de 8% em uma semana e supera os 71% de um ano.

Na média dos últimos cinco anos, os trabalhos de campo atingiam 70%. Com as colheitas praticamente encerradas no Centro-Oeste e no Sudeste, e entrando na reta final no Paraná, a ação agora se concentra no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Matopiba.

Sem chuva no Sul

O tempo mais seco desta semana permitiu que as colheitadeiras avançassem mais rapidamente no Sul do país. No Paraná, onde nas duas últimas semanas o percentual colhido havia ficado atrás dos valores do ano passado, os trabalhos retomaram o fôlego e chegaram a 81% da área.

O avanço também foi bom em Santa Catarina, onde 49% da área está colhida. Mas quem de fato colheu muita soja nesta semana foi o Rio Grande do Sul, cujo percentual colhido aumentou de 7% para 25%.

Grandes volumes no Matopiba

Na região do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba), as chuvas que estavam previstas para o fim de março se confirmaram e dificultaram o avanço da colheita em algumas áreas.

Mas, com o receio de problemas na qualidade, a maioria dos produtores colheu nos intervalos das chuvas, mesmo com a alta umidade nos grãos e casos isolados de grão avariado. Na quinta-feira, a colheita estava em 75% da área no Tocantins, 60% no Maranhão e 38% na Bahia e no Piauí.

Produção

Em março, a AgRural fez um leve ajuste para cima em sua estimativa de produção de soja na safra 2018/19 do Brasil, que passou de 112.5 milhões para 112.9 milhões de toneladas. A expectativa inicial, antes da onda de tempo quente e seco de dezembro e janeiro, era de 121.4 milhões de toneladas.

 

Canal Rural

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