Para o ciclo de 2015/2016 novamente se espera uma safra recorde, que pode chegar a 212.9 milhões de toneladas de grãos. Em contrapartida, a capacidade de estoque patina em 160.8 milhões. “Nunca se investiu tanto em armazenagem e mesmo assim o déficit só aumenta”.
A afirmação é do superintendente comercial da Kepler Weber, João Tadeu Vino. Em entrevista ao DCI, o executivo, que também é diretor do segmento de armazenagem da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), conta que a redução no volume de recursos para o financiamento de armazéns, pelo Plano Safra, o aumento de juros do programa e a incerteza política travaram os investimentos do produtor rural e devem levar o setor, em geral, a uma retração entre 20% e 25% em 2015. No ano passado, a receita ficou em torno de R$ 2.5 bilhões, sendo cerca de R$ 2.1 bilhões apenas em grãos.
Defasagem
Nas safras de 2013/2014 e 2014/2015, o Ministério da Agricultura destinava R$ 3.5 bilhões ao Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), a juros de 4% ao ano. Nesta temporada, o subsídio caiu para R$ 2 bilhões e a tarifa subiu a 7,5%.
No mesmo intervalo de tempo, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a produção nacional de grão saltou de 193.6 milhões de toneladas, em 2013/2014, para a atual estimativa onde a máxima bate 212.9 milhões.
“Em dois anos, que era em torno de 43%, hoje vai para 50%”, enfatiza Vino. Em outras palavras, a colheita caminhou a passos mais largos do que a capacidade de estoque – que já era insipiente.
O cenário desfavorece as negociações das commodities, deixando o agricultor suscetível ao preço de mercado, na hipótese de não ter sido utilizado algum artifício financeiro como o travamento em bolsa com a antecipação das vendas.
No primeiro semestre de 2015, a Pesquisa de Estoques do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou uma redução no número de estabelecimentos ativos, que eram 7.927 nos seis últimos meses de 2014 e passaram para 7.858 no primeiro semestre de 2015, uma leve queda de 0,9%.
Apesar da diminuição das unidades, a capacidade útil teve um ganho de 1% no período avaliado. Na leitura do instituto, estes dados representam modernização nas instalações.
O superintendente da Kepler avalia que não se trata exatamente de melhoria nas instalações, mas sim de uma mudança no tipo de armazenagem aplicada, agora com foco nos silos. “Os silos predominam no País, tendo alcançado 70.1 milhões de toneladas no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 6,3%”, confirma a análise do IBGE.
Fonte: DCI