O preço do feijão enfrenta forte queda. Boa parte da safra está encalhada nos barracões e com o passar dos meses, o grão perde qualidade e a situação só piora.
No galpão da fazenda de Augusto Nascimento, no município de Ibiá, há mais de 3 mil sacas de feijão. Ele começou a estocar o grão em janeiro esperando preços melhores, mas isso não aconteceu. As poucas sacas que ele conseguiu vender não cobriram nem o custo de produção. Além do preço baixo, os problemas com pragas que afetaram as lavouras da região fizeram o produtor desistir da cultura.
O mercado do feijão teve uma reviravolta que prejudicou os produtores. A área plantada em Minas Gerais na última safra teve um aumento de 15% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a maior oferta do grão fez os preços despencarem. Em algumas regiões, a queda no valor chega a 50%.
Ari tem cerca de 120 toneladas estocadas no barracão. O engenheiro agrônomo Romero Teixeira explica que esta é uma estratégia de negócios, mas que com o passar dos meses, pode desvalorizar o produto.
No Paraná, 30% do feijão colhido este ano ainda não foi comercializado e está nos armazéns, nas propriedades. São cerca de 120 mil toneladas nas mãos de agricultores que esperam uma reação do mercado.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de São João, Arceny Bocalon, essa queda nos preços do feijão é histórica. Teve gente que já vendeu a saca por R$ 10.
Vanderlei Canan tem quase 10 toneladas da variedade carioca em cima do caminhão. Já rodou a região a procura de compradores, mas não encontrou ninguém que oferecesse o preço mínimo estipulado pelo Governo Federal, que é de R$ 95 a saca. “Estou aguardando ou logo vou ter que vender por cerca de R$ 15 porque também jogar fora não dá, né?”, diz.
Em São Paulo, outro importante estado produtor de feijão, o valor da saca também está abaixo do preço minímo. Em Avaré, ela vale, em média, R$ 68.
Fonte: Globo Rural