Ex-ministro Alysson Paolinelli propõe nova forma de avaliação dos riscos do agronegócio

Durante a abertura do 6º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, promovido pela ANDA – Associação Nacional para a Difusão de Adubos, nesta segunda-feira (29), em São Paulo, o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli fez um desafio aos integrantes do agronegócio: a criação de um sistema de seguro agrícola por meio do qual seja possível medir e ratear os custos e os riscos entre todos os elos da cadeia produtiva do agronegócio. “Entendo que se trata de uma proposta inovadora, mas a agricultura brasileira já deu várias demonstrações de ser criativa e inovadora ao se tornar a única no mundo a possibilitar produção em ambiente tropical”, comentou.

Paolinelli informou que os detalhes dessa proposta estão sendo analisados por um grupo de trabalho criado pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, do qual ele é um dos integrantes. Na avaliação do ex-ministro, a necessidade de recursos para arcar com essa nova forma de seguro é da ordem de R$ 15 bilhões ao ano.

O agrônomo e especialista em políticas públicas André Nassar corrobora com esta ideia proposta por Paolinelli ao evidenciar que não será mais possível manter o nível do crédito rural atual devido a conjuntura econômica vivenciada pelo país, que exige ajustes fiscais e controle de gastos públicos. “Se o crédito influencia diretamente a área plantada, é necessário encontrar uma alternativa para a manutenção do crescimento do setor”, disse em sua palestra “Competitividade da Agropecuária Brasileira no Atual Cenário”.

Segundo Nassar, é possível proteger todo o custeio da produção do agronegócio brasileiro, com a subvenção de R$ 1 bilhão no seguro agrícola. “É o momento da mudança porque não é possível proteger o custeio e a renda. Assim, precisamos escolher”, enfatizou.

Durante a solenidade de abertura do Congresso, foi destacado também que após a revolução tecnológica vivida pelo agronegócio brasileiro nas últimas décadas, o setor necessita agora de uma revolução na gestão dos negócios agrícolas para dar conta da segunda etapa de transformação do Brasil no maior produtor mundial de alimentos. A avaliação foi feita pelo presidente da Sociedade Rural Brasileira, Gustavo Junqueira. “Nesse sentido, ganha especial destaque o fortalecimento dos elos da cadeia produtiva do setor”, afirmou Junqueira.

No mesmo tom, o presidente da Anda, George Wagner Bonifácio e Sousa, salientou a importância do papel dos fertilizantes para a consolidação do país como grande produtor mundial. “E a escolha do tema do nosso Congresso, que é Competitividade, vai nessa direção. Além disso, estamos lançando aqui a Nutrientes para a Vida, uma iniciativa internacional cujo objetivo é conscientizar toda a sociedade sobre os benefícios dos fertilizantes para a produção e qualidade dos alimentos”, afirmou Sousa.

Na sequência, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, chamou a atenção para certa estagnação nos índices de produtividade agrícola no mundo, ressaltando que no Brasil isso não está acontecendo ainda. “Temos de enfatizar que o crescimento econômico do país depende do aumento da produtividade e que o nosso segmento tem sido importante nesse quesito, uma vez que nos últimos 40 anos houve um aumento de 4,4 vezes no produto, 1 vez nos insumos, 5,2 vezes na mão de obra, 4,3 vezes no caso da terra e de 3 a 4 vezes no capital”, informou Carvalho.

Já para o secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, que também participou da abertura do Congresso, para o agronegócio alcançar novos patamares é fundamental que se faça uma reforma trabalhista.

 

Fonte: Mecânica de Comunicação

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