EUA: seca no Meio-Oeste e outros fatores climáticos agravam a safra com custos crescentes

A pior seca nos Estados Unidos em uma década está colocando novos desafios aos agricultores do Corn Belt, que já estão lutando com os custos crescentes, o lado sombrio de um boom de commodities pós-Covid.

Os danos nas plantações dos Estados de Dakota do Sul, Nebraska, Iowa e Illinois ficaram evidentes esta semana, segundo os levantamentos feitos pela expedição anual Pro Farmer Crop Tour, que percorre lavouras em estados do Meio-Oeste do país.

Os consultores da expedição reduziram neste mês suas estimativas de produtividade de milho em 13% no Nebraska e 22% na Dakota do Sul, em relação aos níveis do ano passado. As reduções ajudaram a alimentar uma recuperação nos preços de muitos grãos na semana passada, aumentando a volatilidade nas negociações de futuros na Bolsa de Chicago.

Efeitos

A seca das planícies é apenas o mais recente dos efeitos climáticos com os quais os agricultores lidaram este ano. Uma série de tempestades de granizo atingiu as plantações de Nebraska em junho, com coberturas classificadas entre as maiores já vistas pela Rural Community Insurance Services, disse o chefe da seguradora, Jason Meador.

No estado, os rendimentos das colheitas estimados caíram mesmo em campos com sistemas de irrigação, uma reviravolta incomum que reflete o quão quente e seco o clima esteve neste verão no Meio-Oeste norte-americano.

Estoques apertados

As implicações da seca e das mudanças climáticas ocorrem em nível global. A Archer Daniels Midland (ADM) estimou no mês passado que a guerra em curso entre Rússia e Ucrânia e o mau tempo na América do Sul, Europa e China manteriam os estoques mundiais de grãos apertados.

A fornecedora de equipamentos agrícolas Deere reduziu este mês a sua estimativa de lucro para 2022, uma vez que a inflação e os atrasos na cadeia de suprimentos elevaram os custos de produção em 23% em relação ao ano anterior.

No entanto, as notícias da Crop Tour não são apenas ruins. O estresse das colheitas no Corn Belt ocidental está sendo equilibrado, em parte, pelas colheitas nas áreas mais úmidas no Leste.

Estimativas

Em seu mais recente relatório de oferta e demanda deste mês, o USDA informou que estima que a produção doméstica do cereal totalize 364.72 milhões de toneladas, apenas um pouco abaixo da sua estimativa em julho.

Somado a isso, o USDA revisou as suas estimativas da produção de soja para cima em seu relatório de agosto, para 123.33 milhões de toneladas.

Ainda assim, o Centro de Previsão Climática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica previu um risco de 60% de continuidade do efeito climático La Niña no próximo ano. Ele é considerado um fator importante no clima adverso visto em todo o mundo.

As questões climáticas, somadas aos fatores macroeconômicos pouco favoráveis, caso continuem, podem tornar 2023 um ano difícil para os produtores de grãos.

Fonte: Dow Jones Newswires
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp