Os estoques de passagem de suco de laranja da atual safra devem somar 292.385 toneladas, no próximo dia 30 de junho, o menor volume desde 2012, o que pode representar uma queda estimada em 42,7%. É o que prevê a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que reúne as empresas Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Commodites.
“Essa quantidade é suficiente para 14 semanas de consumo, ou seja, é o fim do acúmulo de estoques”, afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da entidade.
Os estoques globais de suco de laranja (FCOJ – equivalente a 66º Brix) das empresas associadas à CitrusBR somaram 728.865 toneladas em 31 de dezembro do ano passado. “Este é o menor estoque da série histórica, desde que a medição começou a ser realizada e divulgada em 2011, por meio de auditorias independentes”, comenta.
A entidade também aponta queda no rendimento industrial, na faixa de 24,4%, considerando apenas o processamento até o mês de janeiro da safra 2015/2016. “Para se ter uma ideia, no passado, eram utilizadas 240,5 caixas de 40,8 quilos de laranja, para produzir uma tonelada de suco, e, conforme o levantamento, esse número evoluiu para 299,14, o que representa o pior rendimento industrial já registrado”, analisa.
Na opinião do diretor-executivo da CitrusBR, a queda no rendimento representa um custo adicional para as indústrias, visto que são necessárias mais caixas de laranja para produzir a mesma quantidade de suco. “Considerando que a safra atual está atrasada e ainda há laranja para ser processada, o número final deve ser ainda pior”, prevê.
PROBLEMAS CLIMÁTICOS
De acordo com a CitrusBR, problemas climáticos, ocorridos em 2015, foram um dos motivos que contribuíram para a queda do rendimento industrial. “No primeiro semestre de 2015, os pomares enfrentaram uma intensa seca, que resultou no fenômeno conhecido como cristalização, afetando a extração de suco da fruta. Já no segundo semestre, o problema foi o inverso: com excesso de chuvas, a quantidade de água nas frutas aumentou e, consequentemente, piorou o rendimento industrial”, explica ele, acrescentando que as condições climáticas também prejudicaram o desenvolvimento da safra atual, que está atrasada em relação aos anos anteriores.
Segundo Ibiapaba Netto, nos últimos anos, a cadeia do suco de laranja tem registrado acúmulo de estoques, principalmente em decorrência de duas grandes safras que aconteceram nos períodos 2011/2012 e 2012/20113.
“Desde então, o setor tenta voltar ao que se chama de ‘equilíbrio técnico’, o que significa ter em seus tanques apenas a quantidade necessária de suco para cumprir os contratos até que uma nova safra comece a ser processada”, ressalta. “Esse equilíbrio acontece ao redor de 300 mil toneladas de estoque, considerando a quantidade armazenada em 30 de junho.”
Por equipe SNA/SP