Estável, demanda por trigo resiste a efeitos da pandemia

A demanda por trigo no Brasil permaneceu estável no ano passado, apesar de a pandemia ter mudado os hábitos de consumo. Pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Trigo (Abitrigo) apontou que os moinhos do País processaram 12.7 milhões de toneladas do cereal em 2021, uma queda de apenas 0,20% em relação ao volume do ano anterior.

“Os dados mostraram a estabilidade do mercado, que vemos há alguns anos não só no Brasil, mas em todo o mundo”, disse ao Valor, Eduardo Assêncio, superintendente da entidade. Em 2019, a moagem no País foi de 12.6 milhões de toneladas.

No último ano, 44% do volume moído total foi usado na produção de farinhas para panificação e pré-misturas. As vendas para a indústria de massas representaram 17,40%, e a produção de biscoitos ficou com 11,20%. As embalagens de 1 quilo de farinha para uso doméstico ficaram com 10,20% do total e 8,80% viraram saco de farinha de cinco quilos. O restante foi para outros fins.

Moinhos

Para a pesquisa, a Abitrigo leva em consideração as informações de 60 moinhos associados, incluindo também estimativas feitas com a ajuda de gestores, compradores de trigo, sindicatos e cerealistas. No ano passado, 160 moinhos atuaram no País; em 2020, havia 156.

O estudo não informa os valores absolutos, mas mostra que a receita líquida dos moinhos em 2021 foi 1,40% maior que a do ano anterior. O crescimento foi bem mais modesto que os 13,90% registrados entre 2019 e 2020.

“O trigo já estava caro no ano passado, em função de crises climáticas e de distribuição de oferta em tempos de pandemia. E esse é o grande custo dos moinhos, a matéria-prima”, disse Assêncio.

“Embalagens, transporte e energia também subiram, e os moinhos viram-se obrigados a diminuir suas margens”. Segundo o superintendente, a situação de crise econômica não permite aos moinhos repassar o aumento de custos aos mercados e ao consumidor.

Desafios

Neste ano, os desafios para o segmento são ainda maiores, estima o dirigente, porque a guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro, acentuou as mudanças no mapa de oferta e demanda.

“Não faltará trigo, mas não sabemos se a Argentina vai poder fornecer tudo que normalmente compramos”, disse. “Outros importadores começarão a disputar o trigo argentino conosco. Com isso, os preços podem subir ainda mais”.

Como são mais próximos do Brasil e mais competitivos nas tarifas, Uruguai, Paraguai e Estados Unidos são os outros potenciais fornecedores ao mercado brasileiro. Em 2021, o país importou 60% do trigo utilizado. A Argentina respondeu por 50% da oferta externa, em linha com a média histórica.

Ranking

Também sem surpresas, o Paraná continua a ser o estado brasileiro com o maior número de moinhos. São, ao todo, 35 unidades. Na sequência aparecem, pela ordem, Rio Grande do Sul, com 20, São Paulo, que tem 14, e Santa Catarina, com dez.

Somados, os Estados das regiões Norte e Nordeste têm 18 moinhos, e outros 14 estão distribuídos por Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Centro-Oeste. A capacidade de todas essas empresas ficou, em média, em 69,90% no ano passado.

Movimentação

A pesquisa mostrou ainda que, devido à grande produção do Paraná, os moinhos do estado enviaram 58,60% do que produziram para outras regiões. O mesmo aconteceu com 37,60% da produção das empresas gaúchas, 47,10% das catarinenses e 14,10% das paulistas.

Os moinhos do Norte e Nordeste enviaram 25,90% da produção para outras regiões e os de Centro-Oeste e demais estados do Sudeste, 19,80%.

 

 

Fonte: Valor

Equipe SNA

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