“Estamos no começo de um ciclo de alta das commodities agrícolas”, afirma consultor

O diretor da consultoria Céleres, Anderson Galvão, estima que o mundo pode observar um novo ciclo de alta de commodities. “Estamos passando novamente por um começo de um ciclo de alta das commodities. Soja, milho e minério. Motivado pela desvalorização do dólar lá fora. Isso independe de oferta, se choveu ou não. É um movimento macroeconômico influenciando o valor de face dessas commodities agrícolas”.

Galvão acrescenta que os preços no curto prazo têm sido pressionados pelo clima e pela demanda global. “Vinculado ao mercado da commodity em si, temos uma incerteza de clima na América do Sul com La Niña, além de uma demanda global bastante aquecida pelo cereal. A combinação desses dois fatores, externos e internos, explica parte da elevação dos preços da soja e do milho”.

A China pode assumir um papel importante também na importação de milho, de acordo com o diretor da Céleres. “A engrenagem principal que começa a desbalancear essa equação chama-se China. O país asiático tomou uma decisão política de eliminar estoques de produto antigo e volta ao mercado este ano como grande importador de milho. Essa engrenagem começa a girar e consumir o milho do mundo”.

Nesse contexto, Galvão espera que, mais cedo ou mais tarde, a China venha ao mercado brasileiro para importar milho. “Na medida em que a China volta para o mercado global de milho, comprando dos Estados Unidos, da Ucrânia e da Argentina, mais cedo ou mais tarde virá ao Brasil. Nesse caso, teríamos mercado bastante apertado. Acho que a China não compra milho brasileiro este ano, mas sim em 2021, 2022, 2023 e assim por diante”, estima.

O analista alerta que o risco principal para as cotações é a taxa de câmbio e não os preços em Chicago. “Produtor tem de ter em mente que grande parte da formação dos valores das commodities vem do câmbio. Qualquer acerto macroeconômico no país vai implicar em valorização do real. Nesse sentido, eu travaria receitas em reais visando à proteção de custos de produção. Ou seja, o grande risco é a variação do dólar e não o preço externo”, disse.

 

Canal Rural

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