O setor sucroenergético está atento ao clima e seus possíveis impactos na safra 2023/24. Afinal, a cana-de-açúcar é uma cultura que necessita de chuvas, sol e umidade no solo para se desenvolver plenamente, sendo cada coisa no momento certo.
Nos últimos ciclos, os produtores vivenciaram três La Niñas seguidos. O fenômeno climático, que é provocado pelo esfriamento das águas do oceano Pacífico, tende a trazer mais seca para o Sul do Brasil e chuvas para o Norte e o Nordeste.
Esta ocorrência resultou em produções distintas para cada safra sob sua influência: a primeira de recorde, a seguinte de quebra e a última com uma modesta recuperação.
Previsão de forte El Niño
Agora, é esperado um forte El Niño no segundo semestre deste ano, desembocando em um inverno chuvoso. Em abril, meteorologistas dos Estados Unidos apontaram que a possibilidade da ocorrência do fenômeno meteorológico entre os meses de julho a setembro subiu de 56% para 80%.
De forma contrária ao La Niña, este fenômeno é resultante de um superaquecimento das águas do Pacífico, trazendo movimentos climáticos distintos para os extremos, com períodos de seca no Norte e no Nordeste e chuvas mais intensas ao Sul.
Efeitos climáticos
Assim, o setor volta a analisar o clima e quais seus possíveis efeitos na safra de cana já em andamento. A movimentação do El Niño preocupa alguns especialistas, afinal, além do Brasil, ele pode atingir outros países produtores de açúcar.
Entretanto, o professor da Esalq/USP e um dos responsáveis pelo Sistema TempoCampo, Fábio Marin, afirma que não há uma visão muito clara de como o El Niño poderá atingir os canaviais. Ele leva em consideração, principalmente, que as regiões produtoras se encontram em uma zona de transição.
“Existem algumas tendências [do El Niño] que são ruins, mas que nem sempre se realizam”, afirma. Ele ressalta que a ocorrência é mais clara nos extremos do país, podendo impactar, talvez, os canaviais localizados no norte do Paraná.
Norte-Nordeste podem ter precipitações irregulares
No caso do Norte-Nordeste, por exemplo, especialistas acreditam que o El Niño poderá trazer precipitações irregulares entre os meses de junho e agosto, especialmente na Zona da Mata de Pernambuco. Ainda assim, o meteorologista da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Magno, aponta que os impactos poderão ser menores do que o esperado, em função de fenômenos atmosféricos que influenciam o clima da zona canavieira da região.
Centro-Oeste: Sem indicativos dos níveis de chuva
Marin, por sua vez, acredita que ainda não há indicativos nítidos dos níveis de chuva para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, que são as áreas com maior concentração canavieira do Brasil.