Epagri inicia 2ª etapa de programa que garante alta produtividade de alho nobre

Inicialmente, alho nobre e livre de vírus é cultivado in vitro em laboratório da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. Foto: Divulgação Epagri

A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) deu início à segunda etapa do Programa de Produção de Alho Semente Livre de Vírus, com o objetivo de produzir sementes capazes de manter a alta produtividade das lavouras catarinenses de alho nobre.

Gerente da Estação Experimental da Epagri em Caçador (EECd), Renato Vieira explica que este programa está sendo retomado devido a uma reinfecção natural que vem ocorrendo nas lavouras desde a primeira etapa do Programa, necessitando de novas gerações de sementes para manutenção da alta produtividade alcançada com o uso da técnica.

“A expectativa é de que em dois anos a Epagri disponibilize esses novos lotes de sementes livres de vírus para os produtores”, avalia.

ESTADO PRODUTOR

Santa Catarina é o terceiro maior produtor de alho nobre do Brasil, com uma área plantada de aproximadamente dois mil hectares. A região de Curitibanos é a maior produtora do Estado.

Desde 2004, quando o trabalho iniciou no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da Estação Experimental de Caçador, o programa já beneficiou mais de 300 produtores de alho catarinenses e de outros Estados.

Antes do início do programa, a produtividade média das lavouras de alho nobre catarinenses não ultrapassava 8 toneladas por hectare. Com a distribuição das primeiras sementes livres de vírus produzidas nos laboratórios da Epagri, houve um incremento significativo na produtividade, passando para uma média de 11 toneladas de bulbos colhidos por hectare. Algumas lavouras produzem até 15 toneladas de bulbos por hectare.

“Esse aumento na produtividade das plantas se deve ao efeito da técnica de limpeza de vírus aplicada nas sementes de alho. Os principais beneficiados foram os agricultores, pois, ao utilizarem as sementes livres de vírus em suas lavouras, aumentaram o lucro em suas propriedades e, o mais importante, sem aumento do custo de produção”, descreve Vieira.

COMO É FEITA A LIMPEZA

O processo de limpeza inicia com a seleção dos melhores bulbos (cabeças) ainda na lavoura. No laboratório, os bulbilhos (dentes) são separados e tratados pelo processo de termoterapia.

Os bulbilhos-sementes são colocados para germinar em uma estufa à temperatura de 38°C durante 15 dias para paralisar a multiplicação de vírus alojados na semente.

A etapa seguinte é a cultura de meristemas. Nela, os pesquisadores retiram porções de células isentas de vírus localizadas no meristema, um tecido embrionário presente na base do bulbilho, próximo à região onde são emitidas as raízes.

“O tecido meristemático é formado por células não diferenciadas. Nesses tecidos ainda não existem formação de vasos, por onde se movimentam os vírus na planta”, explica o gerente da EECd.

CULTIVO IN VITRO

Depois de isoladas, as células do meristema são cultivadas in vitro por cerca de 120 dias, até formar pequenos bulbos. O cultivo in vitro é realizado em duas fases: a primeira, para a formação da parte aérea da planta, dura cerca de 30 dias.

A segunda, para a formação do bulbo, leva em torno de 90 dias. “Para cada fase são utilizados diferentes hormônios de crescimento”, informa Vieira.

Finalizadas as etapas de laboratório, os bulbos são colhidos e, no ano seguinte, são plantados em ambientes protegidos de insetos transmissores de vírus, para multiplicação de bulbos maiores.

A última etapa é a multiplicação em grande escala, já em áreas de lavouras de produção de sementes.

O processo completo para obter sementes livres de vírus leva três anos: o primeiro ano é realizado em laboratório; o segundo, em ambiente protegido; e no terceiro ano, começa a multiplicação de sementes em lavouras de produção.

Lavoura de alho nobre e livre de vírus cultivada em área agrícola do município de Caçador, em Santa Catarina. Foto: Divulgação Epagri

MANEJO

Os tratamentos fitossanitários são iguais aos de uma lavoura convencional, mas é preciso tomar cuidado para evitar a contaminação das plantas. As principais medidas são o controle de insetos vetores das viroses e multiplicar o material livre de vírus longe de lavouras infectadas.

Enquanto a produtividade se mantém alta, o agricultor pode produzir as próprias sementes para a safra seguinte. Porém, quando o resultado da colheita começa a cair, significa que a reinfecção viral atingiu níveis que comprometem o rendimento da lavoura e é preciso então comprar novas gerações de sementes.

De acordo com os especialistas, se as plantações forem conduzidas conforme essas recomendações, as sementes podem ser substituídas a cada quatro safras.

Fonte: Epagri com edição d’A Lavoura

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