Embrapa é homenageada na SRB e mostra os desafios da pesquisa agropecuária brasileira

O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, recebe, das mãos de Cesario Ramalho da Silva, o título de sócio-honorário cedido à instituição pela SRB

 

Por Equipe SNA

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi homenageada, na quarta-feira, 26 de junho, pela Sociedade Rural Brasileira (SRB), que promoveu um evento em sua sede, no centro de São Paulo, pelos 40 anos da instituição. Na ocasião, o presidente da SRB, Cesario Ramalho da Silva, concedeu à Embrapa o título de sócia-honorária, recebido pelo presidente da entidade, Maurício Lopes. “A inclusão produtiva de um contingente gigantesco de agricultores no Brasil e a sustentabilidade são os dois grandes desafios da pesquisa agropecuária”, discursou Lopes durante o evento.

Na solenidade, Maurício Lopes ministrou a palestra “Agropensa: inteligência estratégica para a Agropecuária Brasileira”. A celebração contou com a participação de dois personagens importantes na fundação da Embrapa, o pesquisador Eliseu Alves e o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli. O ex-ministro Roberto Rodrigues também prestigiou a cerimônia.

De acordo com o presidente da Embrapa, os desafios do agronegócio são a inteligência estratégica e a comunicação. “Acho impressionante o que o Brasil construiu e realizou nesses 40 anos, e grande parte da sociedade brasileira ainda não entendeu a trajetória da nossa agricultura”, disse, acentuando que as instituições de ciência têm a obrigação de produzir informações para os tomadores de decisão. E acrescentou: “Uma instituição de pesquisa não pode caminhar para o futuro sem a visão de antecipação, porque o mundo segue em grande velocidade no que diz respeito às mudanças de paradigmas”.

O Sistema Agropensa, explicou, tem como objetivo produzir e difundir conhecimentos e informações em apoio à formulação de estratégias de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a Embrapa e instituições parceiras, além de fornecer subsídios à tomada de decisões dos setores público e privado.

Maurício Lopes esclareceu que o Brasil alcançou sua segurança alimentar, conseguiu projetar a sua agricultura no mundo e tornou-se um grande provedor global de alimentos. Agora, segundo ele, “nosso desafio é ampliar o acesso ao conhecimento e à tecnologia a um enorme contingente de agricultores brasileiros, para que eles tenham, também, condições de inserção, de acesso ao conhecimento, suporte, políticas públicas, e possam superar suas limitações”.

Outro grande desafio é a sustentabilidade. “Estamos preocupados com as questões relacionadas ao uso cada vez mais inteligente da nossa base de recursos naturais. Acabamos de sair de uma discussão complexa do novo Código Ambiental Brasileiro, que vai exigir o crescimento da produção e da produtividade na vertical e não mais na horizontal, aumentando a produtividade de forma sustentável. As questões da inclusão produtiva e da sustentabilidade, creio, são os dois grandes desafios, as duas grandes fronteiras para a inovação tecnológica daqui para o futuro”, afirmou.

O pesquisador Eliseu Alves, Cesario Ramalho da Silva e Maurício Lopes

Para Eliseu Alves, “o agronegócio pagou as contas externas do Brasil e abastece as cidades, fornecendo alimentos com preços declinantes ou estáveis. É uma página virada, é um sucesso. A Embrapa, agora, está empenhada em ajudar o governo a caminhar na solução do problema da pobreza rural, através do desenvolvimento de tecnologias eficazes e acessíveis”.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, considera a Embrapa o coração e a alma da agricultura brasileira. E enfatizou: “Temos hoje a maior agricultura tropical do mundo e uma grande perspectiva de crescimento que só não acontecerá se não tiver o mínimo apoio dos governantes. Que eles deixem a pesquisa correr mais livre e invistam cada vez mais nisso. Porém, a Embrapa tem que ser mais empresa e menos governo. Não pode sofrer mudanças quando há troca de poder no país. Precisa de mais autonomia financeira e administrativa, não pode ser objeto político”.

O ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli

Já o ex-ministro Alysson Paolinelli declarou que, hoje, é um dos agrônomos mais felizes, porque vê a Embrapa consolidada e é um dos seus usuários. Ao fazer uma retrospectiva histórica da instituição, lembrou que ela foi fruto de uma revolução na área das ciências agrárias. “Surgiu dentro das universidades com um conceito novo de que o mundo tropical necessitava ter conhecimento próprio. Nasceu sob o conceito de que a tecnologia era bem diferente da existente no mundo na década de 70, especialmente na área de biotecnologia. E a Embrapa cumpriu esse papel, se preparou, evoluiu, buscou profissionais competentes, treinou esses profissionais, os enviou para fora do Brasil para conhecer a tecnologia no seu mais alto grau. Em minha opinião, a instituição é a garantia de que o mundo vai usar todos os seus recursos naturais com competência, especialmente os tropicais”, destacou.

Roberto Rodrigues discursa na companhia do presidente da Embrapa

Roberto Rodrigues explicou que não há dúvida de que o grande salto tecnológico do Brasil nos últimos 20 anos se deve aos 40 anos da Embrapa e que seus primeiros anos foram para formar e preparar gente. “Nesses saldos extraordinários existe uma questão central, o Cerrado brasileiro que, até os anos 70, era visto como uma coisa negativa e um passivo do território nacional. Transformou-se no Maracanã, onde será jogada a partida final da copa do mundo da alimentação. Isso se deve ao trabalho da Embrapa. Naturalmente, o Instituto Agronômico de Campinas e as universidades brasileiras também se envolveram nesse processo, mas a liderança é da Embrapa”, destacou.

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp