Os embarques de soja do Brasil apresentaram uma redução em setembro, o que é considerado normal para esse período do ano, mas também as vendas externas de milho do país recuaram, em um movimento incomum para o mês e derivado, sobretudo, da quebra na produção do grão durante a segunda safra, indicou ontem a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
De acordo com a entidade, foram embarcadas 2.3 milhões de toneladas de milho brasileiro no mês passado, queda de 49% em relação a setembro de 2015, e de 26% em relação a agosto de 2016. O volume é ainda mais baixo que as 2.9 milhões de toneladas divulgadas na segunda-feira pela Secex. Os números da Anec são baseados nos volumes que efetivamente deixaram os portos, enquanto a Secex faz seus cálculos após receber todas as documentações referentes às vendas.
Ainda segundo a Anec, as exportações de milho somaram 14.5 milhões de toneladas no acumulado de 2016, 3% abaixo das 14.9 milhões de toneladas em igual período no ano passado. A maior parte, 6 milhões de toneladas, foi embarcada pelo porto de Santos (SP).
A associação lembrou que o clima adverso pesou sobre as lavouras de soja na safra 2016/17, com uma redução de 6,5% em relação as estimativas iniciais, ou 6.7 milhões de toneladas. Mas frisou que os efeitos foram mais negativos para o milho, com perdas de 18% da produção prevista, ou 15 milhões de toneladas. Ainda assim, a Anec manteve a estimativa de exportações de 20 milhões de toneladas do milho este ano, embora não tenha descartado uma revisão, tendo em vista a baixa oferta no mercado interno e o volume de vendas que será feito em outubro.
Em meio à sazonal competição com a soja americana (cuja colheita da nova safra 2016/17 começou há algumas semanas) e aos estoques também já enxutos no Brasil, as exportações de soja totalizaram 1.37 milhão de toneladas em setembro, queda de 55% em relação ao mesmo mês de 2015 e também em relação a agosto de 2016. Nas contas da Secex, o volume foi um pouco maior: 1.44 milhão de toneladas.
De janeiro a setembro, a Anec contabilizou exportações de 48.97 milhões de toneladas de soja do Brasil, patamar muito próximo das 48.84 milhões de toneladas verificados no mesmo período do ano passado. Ocorre que, diante de um desempenho no segundo semestre inferior ao de anos anteriores, a entidade projeta que os embarques da oleaginosa encerrem 2016 em 52 milhões de toneladas, abaixo das 54 milhões de toneladas estimadas em agosto.
Na expectativa de um cenário mais favorável, a Anec prevê que as exportações brasileiras de soja em 2016/17 retomem a tendência de crescimento e superem as 53 milhões de toneladas do ano passado.
Fonte: Valor Econômico