No mercado mato-grossense de algodão, os produtores estão preocupados com os efeitos do acordo assinado ontem, em Washington, entre Estados Unidos China. Paulo Sérgio Aguiar, que acabou de assumir a presidência da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), lembra que Mato Grosso abriu espaço no mercado chinês no último ano em meio à tensão comercial sino-americana.
No ano passado, o Brasil exportou para o gigante asiático 499.000 toneladas, aumento de 75% na comparação com 2018, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA). Das exportações totais de algodão do País (1.6 milhão de toneladas, das quais 30% enviadas para a China), Mato Grosso respondeu por 75%.
Apesar da preocupação com a concorrência dos EUA, Aguiar confia que a qualidade e o preço da pluma brasileira podem preservar o filão da commodity nacional no mercado chinês. “Voltamos a exportar algodão para valer no início dos anos 2000 e fidelizar o cliente é tarefa árdua, já que tínhamos histórico de produzir uma pluma de má qualidade nos idos de 1970”, disse.
Ao Valor, Aguiar também comentou os desafios que terá no mandato de três anos à frente da AMPA. Um dos principais é a ação judicial na qual a associação questionou a patente da semente Bollgard II RR Flex, da Bayer, pedindo a devolução de US$ 150 milhões. “A empresa disse que não vai lançar sua nova geração de algodão transgênico ‘porque o produtor não quer pagar pela inovação’. Isso não é verdade. Seguimos pagando os royalties à Bayer porque o processo continua correndo e não saiu a liminar para depositarmos em juízo”, disse.
Valor