Elizabeth Farina, da Unica: ‘Situação do etanol preocupa, porque depende de políticas públicas’

Elizabeth Farina, presidente da ÚNICA, entre o diretor do Ministério das Minas e Energia, Ricardo Dornelles, e Christoph Berg, diretor da consultoria F.O.Licht, organizadora do evento
Elizabeth Farina, presidente da UNICA, entre o diretor do Ministério das Minas e Energia, Ricardo Dornelles, e Christoph Berg, diretor da consultoria F.O.Licht, organizadora do evento

 

Dentre as principais reivindicações das empresas que participaram do Sugar & Ethanol Brazil 2014, evento realizado pela consultoria F.O.Licht, em São Paulo, estão a inserção do etanol na matriz energética brasileira, previsibilidade, retorno da cobrança da CIDE sobre a gasolina e que os preços desse combustível fóssil sejam regulados pelo mercado internacional. A presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, afirmou que “o setor clama por uma visão de longo prazo para novos investimentos” e acentuou que o modelo brasileiro, que conjuga a produção de açúcar, etanol e eletricidade, tem vantagens em comparação com outros países, como Índia, Tailândia e Estados Unidos.

Ao defender a necesidade de uma política energética clara por parte do governo,  a presidente de Unica deixou claro que “a situação do etanol preocupa, porque depende de políticas públicas, que estão mudando no Brasil e no exterior”, acrescentando que “o setor clama por uma visão de longo prazo para haver novos investimentos”.

De acordo com Farina, nas últimas cinco safras, 44 unidades fecharam as portas e outras 12 suspenderam as operações, mas que, este ano, seis usinas já entraram com pedido de recuperação judicial.

“Apesar disso, a cana não deixou de ser moída. A cana plantada foi direcionada para outras usinas. Houve uma ‘troca de donos’. Por isso, tivemos uma safra recorde no ano passado”, salientou.

“O desafio é manter a produção com uma quantidade cada vez menor de usinas.”

Segundo ela, para reverter essa situação de dificuldades enfrentadas pelo setor sucroalcooleiro, são necessárias duas medidas “emergenciais”: terminar a implementação da redução da alíquota PIS/Cofins que incide sobre o biocombustível e elevar a mistura de anidro na gasolina, atualmente em 25%.

Para Marcelo Mancini Stella, vice-presidente da Odebrecht Agroindustrial, a solução para atender o aumento da demanda por combustíveis no mundo está no etanol. Revelou que nos últimos sete anos a empresa investiu no setor cerca de R$ 12 bilhões.

“Diante da posição do governo em apoiar os biocombustíveis, começamos a investir no setor em 2005. Hoje, nosso foco é a sobrevivência, não mais o crescimento”, revelou.

Se o cenário não mudar, a Odebrecht prevê que 45 usinas possam fechar em um futuro próximo e haverá perda de 160 mil empregos diretos e indiretos. “Ou o País fortalece o setor de energia renovável e limpa ou perderemos uma oportunidade histórica”, enfatizou o executivo.

“Nosso problema não é recurso para investir, e sim competitividade”, disse Pedro Mizutani, vice-presidente executivo da Raízen, ao pedir planejamento delongo prazo para incentivar os investimentos.

“O etanol é uma commodity ambiental. É impossível conviver, no médio e longo prazo, com um combustível fóssil.”

“Estamos trabalhando pela competitividade do etanol. E o governo enxerga o setor como vital para o Brasil”, afirmou Ricardo Dornelles, diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), durante o evento.

Segundo as previsões da consultoria F.O Licht’s para a safra brasileira 2014/2015, o Centro-Sul, principal região produtora do país, processará 575 milhões de toneladas de cana, volume 3,5% inferior ao mesmo período de 2013/2014. A produção de etanol deve cair menos, e ficar em 25,35 bilhões de litros contra 25,5 bilhões de litros em 2013/2014. Com relação ao açúcar, a F.O Licht’s prevê a produção de31,1 milhões de toneladas, contra 34,3 milhões em 2013/2014, uma redução de 9,3%.

“Essa queda significativa na produção de cana deve-se às geadas do ano passado e à forte estiagem desse ano”, afirmou Stefan Uhlenbrock, analista de açúcar da F.O Licht’s.

 

Por Equipe SNA/SP

 

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