“A nossa agricultura é a mais regenerativa do mundo. Uma agricultura que todo ano melhora o solo para aumentar a produtividade”, disse o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em um seminário, em Brasília, sobre Sustentabilidade e Inovação no Cooperativismo organizado pela OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).
A economia verde no agronegócio tem atraído atenção dos produtores locais e investidores internacionais atentos às migrações e mudanças comportamentais de adaptação aos padrões ESG necessárias à indústria.
O presidente do New Development Bank (NDB), chamado de Banco dos Brics, Marcos Troyjo, que também esteve presente ao evento com o tema “Da COP 26 à COP 27: o Brasil e o Agro Sustentável no século”, acredita que o Brasil pode vir a se tornar a Arábia Saudita dos alimentos numa comparação tanto do império financeiro que são, como das questões ambientais envolvidas, em especial no que tange o desafio de acesso aos recursos de água.
Troyjo complementa que “o banco pode desempenhar uma função importante” sobre esse desafio incluindo aí os itens de logística e armazenagem da produção, outros dois gargalos no agronegócio.
Pecuária
Na pecuária, essa economia verde também floresce. As reservas de água e a manutenção das nascentes passam pela preservação de biomas, árvores e florestas e, estudo recente da Embrapa feito em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte), confirma que o gado resiste mais a parasitas em sistemas integração lavoura-pecuária-floresta, os ILPF, tornando a prática economicamente atrativa.
Pela conclusão do estudo com novilhas Nelore houve aumento de linfócitos após inoculação de antígeno nas novilhas que estavam em sistemas silvipastoris. Com melhor imunidade, os animais se tornam mais resistentes a parasitoses e, apesar da maior presença de nematoides em vida livre na pastagem em sistemas ILPF, as novilhas nesse sistema tiveram menor infestação de parasitas.
O trabalho abre novas perspectivas sobre o manejo do rebanho nas propriedades rurais. “A fazenda pode ter módulos diferentes para categorias de animais. Se não for de interesse arborizar a fazenda toda, que tenha uma área com árvores onde pode-se deixar os animais mais jovens”, afirma o pesquisador da Embrapa Luciano Lopes.
Fazenda modelo
No Piauí, a Fazenda Ipê comprova os benefícios da atenção verde à economia. São 43 mil hectares plantados de soja, 22 mil de milho e a maior área do país em uso de biodefensivos.
A fazenda foi a escolhida para implementar a tecnologia 5G em solo brasileiro por sua excelência em inovação, produtividade e sustentabilidade. Pertence ao empresário e engenheiro agrônomo por formação, Ricardo Faria, um dos maiores proprietários de terras do país, com sucesso nos setores de produção de ovos e de grãos que investe também em biotecnologia, com biofertilizantes e biodefensivos.
Em entrevista para a revista Exame, Faria explica que a aposta dos biofertilizantes nasceu da observação da fila de caminhões que se formava nas granjas de sua propriedade para buscar o resíduo das galinhas. Criou um sistema para tirar o custo do frete dos buscadores, comprou as sobras de uma mina de fosfato para misturar o pó de rocha ao resíduo e, em 2021, conseguiu uma receita de R$ 18 milhões visando alcançar, em 2022, a cifra de R$ 120 milhões com o negócio.
Controle biológico
O mercado de controle biológico cresce a cada dia. No mundo, a adoção de biodefensivos pelos agricultores movimentou em 2020 mais de 5 bilhões de dólares e tem crescido 14,4% ao ano.
No Brasil, a TZ Biotec, localizada na USP, Campus de Ribeirão Preto (SP), desenvolveu um gel como meio de cultura para transportar e distribuir microorganismos, uma técnica única no mundo que foi patenteada com o grau máximo de “Privilégio de Invenção” no Instituto Nacional de Patentes Industriais (INPI).
Atualmente, há uma grande demanda por bons alunos e profissionais voltados para os mais diversos aspectos dos setores do agronegócio.