Ações para estimular o pequeno varejo e o comércio local começam a surgir em meio a um cenário de incertezas de uma crise provocada pelo Coronavírus.
É o caso da iniciativa de alguns empresários que lançaram uma campanha com o apoio do Sebrae, para promover o comércio de rua e a capacitação técnica de varejistas.
O movimento #CompredoBairro acredita que a aquisição de produtos de micros e pequenos negócios é uma forma de ajudar a economia brasileira e, ao mesmo tempo, manter viva a cultura afetiva da proximidade e da confiança em relação ao comércio de bairro.
Ao contrário das grandes redes que, mesmo diante da crise provocada pelo Coronavírus e da queda do consumo, ainda conseguem se manter, o pequeno varejo deverá ser, segundo analistas, um dos setores mais afetados pelos efeitos econômicos da Covid-19.
“Somos lideranças brasileiras reunidas em torno de uma só causa: ajudar o pequeno varejista brasileiro a se profissionalizar e, assim, torná-lo mais competitivo diante deste cenário econômico complexo e adverso que estamos vivenciando”, afirma Guilherme Weege, diretor executivo do grupo Malwee, um dos embaixadores do movimento.
“Acho muito interessante essa solidariedade e apoio de grandes empresários aos pequenos varejistas, numa relação que considera os aspectos administrativos.
Espero que esse movimento resulte em parcerias duradouras entre as empresas maiores e os negócios do bairro e não acabe com o fim da pandemia”, diz Sylvia Wachsner, diretora da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Capacitação
O objetivo central do movimento de empresários é profissionalizar o pequeno varejo brasileiro por meio de capacitação técnica gratuita.
Nesse contexto, são oferecidos conteúdos online de atualização profissional, que englobam temas como gestão financeira e contábil, marketing digital, experiência do consumidor, entre outros.
Empatia
Além dessa frente, em um segundo momento, o #CompredoBairro vai estimular a população a consumir produtos brasileiros, especialmente dos chamados comércios locais.
A ideia é atrair mais consumidores aos estabelecimentos, e, dessa forma, contribuir com a sustentabilidade da cadeia.
“Milhões de famílias dependem desse segmento, e comprar produtos de pequenos comerciantes é também uma questão de empatia e solidariedade”, destaca Weege.
A proposta, segundo ele, “é aguardar a reabertura total do comércio para iniciar um trabalho de geração de conteúdo de causa que engaje os consumidores a aderir ao propósito do movimento, que é o de valorizar o produto nacional e o pequeno varejo brasileiro”.
Normas
Para Sylvia Wachsner, o pequeno varejo depende de uma cadeia frágil de abastecimento, que considera a capacidade de entrega de volumes menores de alimentos.
“São mercadorias entregues ou pelos mesmos produtores ou em transportes de menor tamanho que por vezes enfrentam problemas nas estradas”, observa a diretora da SNA.
Além disso, ela destaca alguns procedimentos no setor que precisam ser reforçados.
“O aspecto sanitário dos alimentos e a implementação de normas padronizadas de segurança devem ser estritamente cumpridos.
A limpeza diária no varejo e nos estoques deve ser incrementada. Os funcionários precisam ser devidamente treinados e protegidos”, ressalta Sylvia, fazendo referência à adoção de normas de distanciamento entre pessoas e à segurança dos trabalhadores que lidam com dinheiro.
“Os varejistas também devem estar atentos aos alimentos com maior demanda para que seus estoques sejam repostos de forma rápida”, acrescenta.
Mapeamento
Outro aspecto enfatizado pela diretora da SNA é o conhecimento do pequeno varejo a respeito de seus consumidores.
Nesse sentido, ela cita algumas ferramentas que poderão ajudar nesse mapeamento, entre elas, a elaboração de cadastros de clientes, incluindo produtos preferenciais, com maior demanda, etc.; a criação de canais de conversação com o público e de promoção de produtos e serviços em plataformas e mídias sociais, e a valorização dos sistemas de delivery.
Segundo dados oficiais do Sebrae (2019), 6,3 milhões de pequenos negócios compõem o pequeno varejo brasileiro, setor responsável pelo sustento direto de cerca de 13 milhões de pessoas no Brasil.
De acordo com a entidade, estima-se que o segmento seja fonte de renda para quase 43 milhões de brasileiros no total.