O dólar ampliou a queda contra o real, chegando a registrar as menores cotações desde o início de janeiro, após uma expansão acima do esperado da atividade econômica brasileira no primeiro trimestre aumentar as expectativas em torno de um cenário doméstico mais benigno.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira, mostraram que o PIB do Brasil cresceu 1,20% no primeiro trimestre, voltando ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia.
O resultado ficou acima da expectativa apresentada por uma pesquisa da Reuters, de aumento de 1% no período, depois de expansão de 3,20% no quarto trimestre de 2020.
Às 11h55, o dólar estava em baixa de 1,31%, cotado a R$ 5,1570 para venda. Na mínima do dia, o dólar caiu 1,51%, sendo cotado a R$ 5,1465 para venda. Na mínima, o dólar registrou a menor cotação desde 4 de janeiro (R$ 5,1215).
Se continuar nessa tendência até o fim do pregão, a moeda norte-americana spot pode registrar a sua menor cotação de fechamento desde dezembro de 2020, quando terminou cotada a R$ 5,1232.
Desempenho econômico
“Os números do PIB foram muito bons, e isso tem impacto na percepção dos investidores em relação à recuperação econômica do País”, disse à Reuters Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas. “Por isso (o dólar) já abriu nesse movimento de queda.”
Ainda assim, ele ressaltou que não é apenas o Brasil que tem expectativas melhores sobre o desempenho da economia. “Estamos vendo também uma atividade considerável nos Estados Unidos, e isso pode levar os investidores a dúvidas sobre um possível aperto monetário no País.”
Temores inflacionários
Nas últimas semanas, o radar dos mercados globais tem sido dominado por temores inflacionários na maior economia do mundo. Na sexta-feira passada, dados norte-americanos mostraram que um importante indicador de preços registrou a maior alta anual desde 1992.
Embora algumas autoridades do Fed tenham indicado repetidamente que enxergam o pico inflacionário como temporário, outros formuladores de política monetária começaram a reconhecer que estão mais próximos de um debate sobre quando retirar parte de seu nível de apoio à economia.
“Num cenário de redução de liquidez e alta de juros nos EUA, os investidores correriam para a economia com menos risco e rendimento mais elevado (em relação aos patamares atuais)”, explicou Cavalcante, destacando que esse movimento reduziria a busca por ativos de países emergentes. “Por isso, vamos ficar de olho nos dados norte-americanos desta semana.”
Balanço de riscos
Na sexta-feira, serão divulgados números importantes de emprego dos Estados Unidos. Para Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank, apesar dos sinais de pressão inflacionária no exterior e ruídos políticos e fiscais domésticos, o “balanço de riscos para o mercado de câmbio doméstico ainda é positivo”.
Levando em consideração “a forte alta das commodities, que é boa para nossa moeda, a perspectiva de alta de juros no Brasil” e o “atraso” do real em relação ao comportamento de outras divisas de mercados emergentes, como rand sul-africano e peso mexicano, “continuo achando que a tendência do real é se valorizar”, disse Weigt.
Cotação
No acumulado de 2021, o dólar agora está em queda de aproximadamente 0,80%. A moeda norte-americana à vista fechou ontem em alta de 0,20%, cotada a R$ 5,2254.
Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 15.000 contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.
Fonte: Reuters
Equipe SNA