Dólar sobe e volta a fechar acima de R$ 4,00. No mês, recua 0,52%

O dólar interrompeu três altas mensais consecutivas e fechou fevereiro em leve queda, mas ainda acima de R$ 4,00, movimento influenciado pelo cenário externo favorável e pela ressaca após a intensa e recente pressão no cenário local, que tem levado alguns analistas a rever suas expectativas na continuidade da alta da moeda norte-americana.

O dólar comercial fechou em alta de 0,15%, cotado a R$ 4,0012 para compra e a R$ 4,0035 para venda, acumulando uma queda de 0,52% no mês de fevereiro, após subir 4,18% nos três meses anteriores. No ano, registra leve valorização de 1,41%.

“Boa parte das más notícias já está no preço. A menos que haja um choque muito grande, acredito que o dólar tem espaço para continuar oscilando perto de R$ 4,00 nos próximos meses”, disse o economista-chefe para mercados emergentes da consultoria Capital Economics, Neil Shearing.

Ele acrescentou que o salto de quase 50% no dólar em relação ao real no ano passado limita o espaço para o fortalecimento da moeda norte-americana. “O real já sofreu muito. Em algum momento, o que era visto como uma moeda fraca começa a ser visto como uma moeda barata”, disse.

Após sofrerem forte pressão no início do ano, moedas de países emergentes tiveram algum alívio neste mês na medida em os mercados esperam que o Federal Reserve, pode evitar aumentar os juros em meio a sinais de fraqueza na economia global. Reforços na intervenção de bancos centrais também ajudaram moedas como os pesos mexicano e colombiano.

Mesmo comparado com esses mercados, porém, o desempenho do real tem se sobressaído, em meio à recuperação das contas externas brasileiras e os altos juros brasileiros.

Esse movimento tem levado alguns operadores a questionar a expectativa, que até o fim do ano passado era praticamente consensual, de que o dólar deve continuar avançando contra o real.

No entanto, a maior parte dos analistas não foi convencida e acredita que as incertezas políticas devem levar o dólar a voltar a subir em breve. “O mercado deve perceber em breve que a situação do Brasil é preocupante. Não tem motivo suficiente para manter o dólar baixo”, disse o especialista em câmbio da corretora ICAP, Ítalo Abucater.

Pesquisa Focus do Banco Central mostra que economistas de instituições financeiras projetam que a moeda norte-americana deve fechar o ano a R$ 4,35.

Nesta sessão, o dólar chegou a cair a R$ 3,9505 na mínima do dia, influenciado pela decisão do banco central da China de reduzir a taxa de compulsório dos bancos pela quinta vez desde fevereiro de 2015, buscando estimular a economia.

Também contribuiu para o alívio o leilão de venda de até US$ 2 bilhões com compromisso de recompra promovido pelo BC nesta tarde, com fim de rolar contratos já existentes. O BC vem promovendo operações desse tipo no último pregão do mês desde novembro passado.

Até agora, a autoridade monetária não anunciou o início da rolagem dos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, que vencem em abril. O BC rolou integralmente os últimos sete lotes e a expectativa é que faça o mesmo com o lote de abril de US$ 10.092 bilhões.

A queda do dólar perdeu força nesta sessão, porém, passada a formação da PTAX de fevereiro, taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais. No fim do mês, operadores costumam disputar para deslocar a taxa a patamares favoráveis a suas posições.

Também adicionou volatilidade ao mercado o contexto de incertezas políticas no Brasil.

O Barclays ressaltou em relatório que a prisão do marqueteiro João Santana, as críticas do PT ao ajuste fiscal do governo e sinais de afastamento dos movimentos sociais aumentariam as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O mercado tem reagido positivamente à possibilidade de mudanças no governo, mas analistas ressaltam que um impeachment pode resultar em um quadro pouco favorável a reformas econômicas.

No mercado internacional, por volta das 17h35 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em leve alta de 0,06%, cotado aos 98,19 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,42%, cotado a US$ 1,0886.

Juros futuros recuam na BM&F com ajuste de posições para o COPOM

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram nesta segunda-feira na BM&F refletindo o ambiente de menor aversão a risco no exterior e o ajuste de posições para a reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), nos dias 1º e 2 de março, com o mercado apostando na estabilidade da taxa Selic.

O DI janeiro/2017 recuou de 14,225% para 14,18% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI janeiro/2018 caiu de 14,68% para 14,59%. E o DI janeiro/2021 teve queda de 15,74% para 15,62%.

O movimento da curva de juros se dá a dois dias da decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) sobre a Selic. A curva embute 87% de probabilidade de estabilidade do juro em 14,25% ao ano.

Os mercados começaram uma intensa reprecificação em janeiro, quando o Banco Central surpreendeu ao sinalizar estabilidade da Selic um dia antes do anúncio da decisão. Desde então, o BC tem repetido que o cenário externo e a recessão econômica doméstica, além do efeito estatístico e de menores reajustes de preços administrados, vão ajudar a desinflacionar a economia ainda neste semestre em até 2%.

Apesar da redução de 6% a 6,5% estimada pelo governo para a conta de luz em abril, quando deixará de vigorar a cobrança extra na tarifa de energia elétrica, as projeções para a inflação tiveram apenas um pequeno recuo na Pesquisa Focus, divulgada hoje. A mediana da projeção para o IPCA caiu de 7,62% para 7,57% para o fim deste ano e ficou estável em 6% para o fim de 2017.

Já a mediana da projeção para taxa Selic para o fim deste ano ficou estável em 14,25% e caiu de 12,63% para 12,50% para o fim de 2017.

Investidores reagiram às especulações sobre a chance de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A presidente não compareceu à festa de 36 anos do PT, ocorrida no sábado, no Rio de Janeiro. A ausência de Dilma reforçou sinais de estremecimento nas relações com o partido e também com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula tornou a se defender das acusações de corrupção envolvendo uma chácara em Atibaia e um tríplex no Guarujá, ambos no Estado de São Paulo.

O Barclays destacou em relatório que a prisão do marqueteiro João Santana, as críticas do PT ao ajuste fiscal do governo e sinais de afastamento dos movimentos sociais aumentariam as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Na ponta mais longa da curva de juros, o ambiente externo de menor aversão a ativos de risco, diante de notícias de medidas de estímulo à economia da China e a recuperação do preço do petróleo, contribuiu para sustentar a queda das taxas de juros com prazos mais longos.

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