O dólar comercial fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 3,3314 para compra e a R$ 3,3332 para venda, com máxima a R$ 3,3530 e mínima a R$ 3,2976, interrompendo sequência de sete quedas seguidas, com o mercado na expectativa da reunião do Federal Reserve, nesta tarde.
O Banco Central brasileiro não anunciou nenhuma intervenção no mercado de câmbio para esta sessão, postura que não adotava desde o dia 1º de dezembro.
Na segunda-feira, 12 de dezembro, o BC concluíu a rolagem dos contratos de swap cambial tradicional de janeiro. O próximo lote vence em 1º de fevereiro, correspondente a US$ 6.431 bilhões.
O resultado da reunião do Fed foi conhecido às 17h (Horário de Brasília), confirmando o que era amplamente esperado pelo mercado, com o aumento de 0,25%, após a manutenção dos juros por mais de um ano. O Fed informou ainda que vê três altas de juros em 2017.
O pano de fundo da reunião era muito importante para o mercado. Após anos em que o Fed se mostrou tranquilo com juros baixos e inflação fraca, nas semanas subsequentes à vitória de Donald Trump ocorreu o aumento tanto dos rendimentos dos Treasuries quanto das expectativas de inflação. Havia a expectativa de que o Fed elevaria a taxa em pelo menos duas ocasiões no próximo ano.
No mercado internacional, por volta das 17h40 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,45%, cotado aos 101,53 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,37%, cotado a US$ 1,0585.
O mercado também ficou de olho na cena política brasileira, em especial no Congresso Nacional, onde havia importantes votações nesta sessão.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados deve votar ainda nesta quarta-feira a admissibilidade da proposta da reforma da Previdência, enquanto que a Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Senado deve votar o relatório final do Orçamento para 2017 e, em seguida, passar pela aprovação do Congresso Nacional.
Na véspera, o governo conseguiu garantir, mesmo com votação mais apertada, que o Senado aprovasse em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece teto para o crescimento das despesas públicas por 20 anos.
“Apesar do quadro político nebuloso, o governo parece estar conseguindo andar com uma agenda positiva, o que contribui para diminuir o nervosismo dos agentes. As medidas que devem sair amanhã, são um exemplo disso”, comentou o economista da corretora Guide, Ignácio Crespo Rey.
No dia seguinte, o governo deverá anunciar medidas de incentivo à economia.
Juros futuros recuam com dados fracos de serviços
Os contratos futuros de taxas de juros fecharam em queda na BM&F, sustentada por dados fracos do setor de serviços, divulgados hoje pelo IBGE, e pelas declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana, que reforçaram a expectativa de aceleração do ritmo de corte de juros.
O DI janeiro/2018 caiu de 11,86% para 11,77%, enquanto o DI janeiro/2019 recuou de 11,50% para 11,42%. Já o DI janeiro/2021 caiu de 11,90% para 11,85%. A curva de juros reflete maior probabilidade de um corte de 0,50% da taxa Selic em janeiro e a discussão hoje é entre uma queda de 0,50% e 0,75%.
Segundo o IBGE, o volume de serviços caiu 2,4% em outubro em relação a setembro. Essa fraqueza da atividade, que atinge também o setor de serviços, justificou a afirmação feita hoje por Viana de “é questão de tempo” para que volte a haver inflação de serviços.
Viana também reiterou hoje a comunicação que o BC já vem fazendo, de que a probabilidade de que a flexibilização possa ser intensificada é alta, uma vez que há risco palpável de que não ocorra a recuperação da economia.
O mercado aguardava a decisão de política monetária do Federal Reserve, prevista para hoje às 17h. O mercado espera uma alta de 0,25% da taxa básica de juros americana, mas a grande expectativa é com relação à sinalização do Fed sobre os próximos passos da política monetária americana.
Para o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, há espaço para um queda dos juros com o mercado revisando as projeções de crescimento para o ano que vem para baixo. “Acho que passando o Fed, o mercado volta a ficar mais vendedor de juros”, disse Petrassi.
O risco, segundo ele, é de uma piora do cenário político local possa atrapalhar as votações das medidas fiscais.
Hoje o assessor especial no Palácio do Planalto e amigo do presidente Michel Temer, José Yunes, pediu demissão do cargo. Yunes foi citado na delação do ex-diretor da Odebrecht Claudio Melo Filho como receptor de recursos para a campanha eleitoral de Temer. Ao todo são esperadas 77 delações de executivos da Odebrecht.
Passada a aprovação da PEC do teto de gastos, já amplamente esperada pelos investidores, as atenções devem se voltar para a discussão da PEC da Previdência. Hoje está prevista a votação do parecer favorável à proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Fonte: Reuters / Valor